Hino Popular do América, de Lamartine Babo, com Bruno Castro (atualizado)

         Em 18 de setembro, o América Football Club, meu preferido no Rio, sediado na Tijuca, completou 114 anos. Outrora tinha mais pegada. Atualmente está empobrecido e pequeno. A torcida é pouca mas briosa. 

        Bom, todos os hinos conhecidos dos times do Rio foram compostos pelo compositor carnavalesco Lamartine Babo, o Lalá (1904-1963). São, sem nenhuma dúvida, os mais charmosos de todo Brasil e do mundo. A curiosidade é que quase todos os times, Fluminense, Flamengo, Botafogo, possuíam hinos anteriores, mas chatos e comuns, enfadonhas e medíocres marchinhas de perfil militar. E estes hinos anteriores, muitas vezes chamados de "oficiais", foram enterrados por Lalá no ostracismo. Apenas poucos conhecedores do assunto deles se lembram. A encomenda a Lalá renovou tudo, trouxe alegria, carnaval e charme, inovação que nenhum clube de futebol das outras capitais do Brasil absorveu. Muitos ainda se jactam com marchinhas militares e ruins. 

     Neste vídeo, Bruno Castro, que lançou em 2012 o livro "Hinos do Futebol Carioca", que aborda historicamente, inclusive, os enfadonhos, canta o hino de Lalá para o América, considerado o mais bonito dentre os bonitos. E é bonito mesmo. Duvido que haja no mundo algo que se aproxime em charme. Mas há uma outra curiosidade. Este hino foi plagiado na cara dura por Lalá de uma canção chamada Row Row Row (Rema Rema Rema), de um musical da Broadway chamado Zigfield Follies. Pois é. E Lalá torcia para o América. Notem na letra o verso "a torcida americana é toda assim, a começar por mim". Mas quando questionado sobre o plágio, Lalá disfarçava. Pouca gente sabia ou mesmo sabe hoje sobre isso e ele tocava pra frente.

    E Lalá era tão americano que inseriu até seu próprio apelido nos estribilhos: tralálá lálálá, tralálá lálálá lálá lálá lá lááááá...



     Há mais americanos ilustres além de Lalá e eu (hehe). Entre muitos outros, porque a lista é grande, destaco o compositor erudito Villa-Lobos, o compositor popular Sílvio Caldas, o advogado Dr. Sobral Pinto, o ator e comediante dos anos 50 Oscarito e o poeta João Cabral de Melo Neto. Foi o que restou. O charme da história. O clube se mantém, mas o time, hoje, está despinguelado nas divisões de baixo. 

Nenhum comentário: