Inéditas de Adoniram Barbosa (1910-1982). Passou, com Ney Matogrosso (post com texto atualizado)

     Em 23 de novembro de 1982 falecia o compositor Adoniram Barbosa, pseudônimo do valinhense João Rubinatto. As canções de Adoniran, como Trem das Onze, Saudosa Maloca e outras, são tão manjadas que até já cansaram. Mas foi recentemente lançado o álbum Se Assoprar Posso Acender de Novo, nome que vem do verso do samba Já Fui Uma Brasa, e que traz algumas músicas anunciadas como inéditas. Neste vídeo, o sempre brilhante Ney Matogrosso interpreta a canção Passou, que faz parte do álbum. 

     Algumas curiosidades rápidas sobre Adoniram:

     As composições de Adoniram ficaram marcadas como representação do linguajar paulistano, o que não é cem por cento verdade. O paulistano autêntico fala de maneira cantada, o que é herança da imigração italiana, mas o que Adoniran fazia, na realidade, era transpor para suas letras ingênuas e bem humoradas os erros de português do sotaque do italiano caipira do interior, e não do habitante da capital, posto que ele mesmo tinha a origem ítalo-caipira (Valinhos) imigrada para a Capital. Expressões com peguemo, vortemo, falemo, etc, são italianismos do interior, e não da Capital.

     Os estribilhos squa squa squa pasqualigudum e etc, que acabaram integrados às canções de Adoniram, não foram compostos por ele, mas inseridos pelo grupo Demônios da Garoa, quando dos primeiros sucessos, lá pelos anos 40. Os Demônios absorveram algumas cantorias de engraxates de sapatos do Centro de São Paulo e as inseriram nas canções de Adoniram.  



     Polêmica.

     Este lançamento de "inéditas" têm a autenticidade questionada. Apenas as letras são, em tese, de Adoniran, e teriam sido encontradas nos guardados de um amigo dele. Esta canção interpretada por Ney, por exemplo, tem letra muito mais trabalhada do que os versos "naifs" com os quais Adoniram tornou-se conhecido.

     Dentre as canções conhecidas de Adoniran, a única que possui versos mais trabalhados é Bom Dia Tristeza, cujos versos não são dele, mas de Vinícius de Moraes. Existe, inclusive, o mito de que sequer a melodia é dele, mas do cantor Noite Ilustrada, para quem ele teria repassado a letra, um presente trazido do Rio de Janeiro pela cantora Aracy de Almeida. Ao receber de volta, Adoniran assumiu os créditos. Noite Ilustrada (1928-2003) sempre afirmou isso, mas nunca provou. 

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