Entrevista de Geraldo Vandré

O compositor de grande sucesso nos festivais dos anos 60 e das composições de protesto contra o regime militar como Fica Mal com Deus, Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, Disparada, etc., concedeu em fevereiro esta entrevista a uma jovem jornalista. Vandré, depois que retornou do exílio, nos anos 70, evita o cenário artístico e vive distante da imprensa em um apartamento em São Paulo. Alguns mitos surgiram, como o que diz que ele foi torturado pelos agentes da repressão política, e que, por isso, ficou meio doido. Nada comprovado. Até outro dia, se algum jornalista batesse em sua porta, sequer atendia. Mas venho notando que nos últimos tempos ele anda mais acessível.



As letras de Vandré são épicas. A obra dele nunca irá desaparecer. Tem o mesmo peso artístico da literatura de Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Graciliano Ramos ou João Cabral de Melo Neto, agregada à música.

Fica Mal Com Deus é uma das grandes canções de Vandré e que demonstra a linha de esquerda que o consagrou. Versos fortes, diretos. Nesta gravação, ela é interpretada pela voz bonita de Wilson Simonal, cantor que, por outro lado, ficou marcado, e também de forma mítica, como "o delator que tinha relações com a ditadura". Simonal teve a carreira destruída devido a pressão da patrulha e só teve algum desagravo depois de morto. A gravação faz parte do álbum S'imbora, que Simonal gravou ainda em 1965.



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