Compositores de Bezerra da Silva. Vídeo de Daniel de Plá.

     Este vídeo tem três faces de abordagem. A primeira é Bezerra da Silva (1927-2006), o sambista carioca que cantava a voz do povo dos morros. No começo da carreira, Bezerra cantava o gênero nordestino chamado de coco. Depois de mais velho, enturmou-se com a rapaziada do Cantagalo e começou a cantar pagodes. E foi com este estilo que ele se celebrizou, criando sambas onde falava da malandragem, a arte sutil da sobrevivência do morador dos morros, que precisa se defender com a violência medida por certos princípios éticos. A segunda é sobre os compositores com os quais ele se articulava e mantinha seu carisma. Aí estão três deles, Pinga, Nilo Dias e Jorge Machado. No vídeo, eles cantam um samba ao amigo. A terceira é sobre o produtor do vídeo, o economista e fotógrafo Daniel de Plá. Daniel faleceu aos 59 anos, em março deste ano. Entre tantas realizações durante a vida, deixou no Youtube o canal com os vídeos que fazia ao subir os morros do Cantagalo e Rocinha, no Rio de Janeiro, tomando depoimentos de moradores que têm história musical pra contar. 




     Vendo os vídeos de Daniel, caiu aqui em mim uma ficha, uma constatação, a de que o pagode estilo Bezerra da Silva, que canta a vida do malandro e leva algum humor, tende a desaparecer. Vive suas últimas gerações. E junto com ele desaparecerá também, infelizmente, a figura simpática e mítica do malandro. Os jovens de hoje, em contato com violência muito mais cruel, a do tráfico, preferem outros gêneros para se manifestar musicalmente, como o americanizado funk, que é um troço chato pra cacete.

Youtube. Canal Daniel de Plá.

E um Bezerra original:



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