Em 21 de junho de 1839 nasce no Rio de Janeiro o escritor Machado de Assis. Nasceu, viveu e morreu no Rio. Viagens? Apenas alguns dias em Petrópolis. Perca um minuto para apreciar um parágrafo de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Moribundo, Brás Cubas constata a beleza envelhecida de Virgília. A beleza evidente, de cara, apreciável sem aprofundamentos, vai além de qualquer abordagem acadêmica desnecessária.
"Não durou muito a evocação; a realidade dominou logo; o presente expeliu o passado. Talvez eu exponha ao leitor, em algum canto deste livro, a minha teoria das edições humanas. O que por agora importa saber é que Virgília — chamava-se Virgília — entrou na alcova, firme, com a gravidade que lhe davam as roupas e os anos, e veio até o meu leito. O estranho levantou-se e saiu. Era um sujeito, que me visitava todos os dias para falar do câmbio, da colonização e da necessidade de desenvolver a viação férrea; nada mais interessante para um moribundo. Saiu; Virgília deixou-se estar de pé; durante algum tempo ficamos a olhar um para o outro, sem articular palavra. Quem diria? De dois grandes namorados, de duas paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois; havia apenas dois corações murchos, devastados pela vida e saciados dela, não sei se em igual dose, mas enfim saciados. Virgília tinha agora a beleza da velhice, um ar austero e maternal; estava menos magra do que quando a vi, pela última vez, numa festa de São João, na Tijuca; e porque era das que resistem muito, só agora começavam os cabelos escuros a intercalar-se com alguns fios de prata."
É mole, fubá?
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