O dia 23 de abril é a data de nascimento do compositor Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho, 1897-1973) e foi estabelecida como o dia do choro, o gênero essencialmente brasileiro surgido no Rio de Janeiro na virada dos séculos XIX e XX. Há muitos compositores de choro, desde os mais antigos, como Ernesto Nazareth (1863-1934) e Chiquinha Gonzaga (1847-1935), dos tempos da gênese, ou mais recentes, como o bandolinista e pesquisador Jacob do Bandolim (1918-1969) e Radamés Gnattali (1906-1988), já de meados do século XX. Mas, indubitavelmente, o mais conhecido e icônico foi o carioca Pixinguinha. Tão conhecido que suas criações estão, pelo menos para mim, até um pouco desgastadas. Já ouvi muito. É o caso de Carinhoso. Mas cliquem na foto de Pixinguinha e ouçam Carinhoso com o trompetista Márcio Montarroyos (1948-2007). Márcio dá sabor especial à melodia desgastada e arranhada em botecos, festas de aniversário e borogodós afins. Trata-se da abertura de uma novela da Rede Globo dos anos 70 e Márcio toca junto com a Orquestra Som Livre. De todo modo, ninguém consegue fazer isso com uma melodia ruim. Se fez, é porque a melodia tem o toque de gênio de Pixinguinha e nunca morrerá.
É fundamental ainda acrescentar que alguns choros ganharam letra algum tempo depois de já consagrada a melodia, o que ocorreu também com Carinhoso, cuja letra foi composta por João de Barro, o Braguinha. A maioria das letras inseridas em choro, porém, convém lembrar, não casaram com o espírito da melodia já existente e consagrada. Não é o caso da letra de Braguinha, que é tão charmosinha e gostosa quanto a melodia de Pixinguinha, e agregou com perfeição e sucesso.



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