Dia Nacional dos Quadrinhos.

     Hoje, 30 de janeiro, comemoramos no Brasil o Dia Nacional dos Quadrinhos.

    Só pra lembrar porque acho o cara uma referência gigantesca, falo um pouco do mineiro Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988). Hemofílico, Henfil foi tratar-se nos Estados Unidos, no início da década de 70, e aproveitou para tentar emplacar por lá suas tirinhas e cartuns, que eram emblemáticos por aqui. Mas o humor tipicamente brasileiro não pegou na terra do Tio Sam. Ao voltar ao Brasil, Henfil publicou Diário de um Cucaracha, contando sua experiência. 

      Vai aí uma tira dos personagens Fradim e Fradão em tradução para o americanês. Henfil tinha tradição familiar católica, mãe carola. Ao crescer e amadurecer, e talvez também devido à saúde sempre um pouco precária, Henfil renovou sua visão e passou a ter posições críticas. A criação dos dois frades, o grandão magro (Fradão), ingênuo e tradicionalista, que convive com o baixinho (Fradim), contestador e provocador, vem deste conflito. 

     The Mad Monks. Philadelphia Inquirer.



Trio Mandili. Erti Nakhvit.

     O que quer dizer Erti Nakhvit? Sei lá, comadre. Tentei pesquisar mas não achei necas de pitibiribas. O que eu sei é que essas três bonitinhas fazem parte de um trio da Geórgia, não o estado americano, mas o país ao sul da Rússia, terra de Stalin. Olha que bunitinho. Anna Chincharauli, Tatia Mgeladze e Shorena Tsikarauli.

 

A volta do Wilbur:


Samba 2018 do Nem Sangue Nem Areia.

      O antigo bloquinho da Vila Industrial, na minha Campinas, Nem Sangue Nem Areia, nasceu nos anos 40 como ironia carnavalesca a um filme famoso com Tirone Power, transformou-se em escola de samba nos 60 para desaparecer nos 70. O meu antigo amigo e precocemente falecido, Helder Bittencourt, que, como eu, também tinha raízes na Vila Industrial, foi o responsável pelo resgate nos anos 2000. Sofreu críticas. Alguns diziam, e com certa razão, que Helder não havia regatado a alma do bloco, que eram os seus boizinhos feitos de arame e tecidos coloridos. Helder se defendia dizendo que não havia recursos. Pelo sim ou pelo não, certa ou errada esta ou aquela parte, correto mesmo é que o velho bloco foi puxado do arquivo da penumbra e está aí, vivo e adaptado ao carnaval moderno. E isso é mérito do Helder que jamais poderá ser retirado.

     O samba de 2018 fala dos bares da boemia de Campinas nos anos 70, 80 e 90 no bairro Cambuí. Foi, talvez, a melhor era da boemia de Campinas. A mais movimentada e mais culturalmente criativa, eu não tenho dúvidas.  



Uma homenagem ao cartunista Mort Walker.

     Walker faleceu esta semana, aos 94 anos. Era o criador do Recruta Zero (Beetle Baily), personagem que ele criou em 1950 para esculhambar com os militares. General omisso, sargento burro e soldado vagabundo. Nada muito agressivo mas, sutilmente, Walker zoava com todos. Achei no Youtube este canal com alguns vídeos curtinhos com ele explicando o personagem e algumas tiras mais emblemáticas. 




     Vale lembrar alguns cartunistas famosos e o que aconteceu com suas tiras após seus falecimentos. As tirinhas do viking Hagar o Horrível, de Dick Browne, continuaram a ser desenhadas pelo filho dele, Chris Browne, e não perderam a qualidade. Charles Schulz, criador do Peanuts (Charlie Brown) deixou expressa a determinação para que mais nada fosse desenhado. As tiras de Walker eram famosas e publicadas no mundo inteiro. Não sei se ele deixou alguma determinação ou se tem algum herdeiro que continue suas divertidas ideias. 

Site oficial do Recruta Zero.

Ensaio técnico da Vai-Vai, Sambódromo do Anhembi, São Paulo.

       Aí está o grande espetáculo do Brasil, o desfile das grandes escolas de samba no carnaval. O Brasil pode cair de podre mas isso ele não perde. Este ano a cidade do Rio de Janeiro, que tem o desfile mais luxuoso, enfrenta dificuldades financeiras e isso refletiu na preparação das grandes escolas. Estão se virando como podem. São Paulo, em melhores condições, põe a força total na avenida. A Vai-Vai foi, é e sempre será a minha favorita. Tenho restrições ao carnaval de rua do Brasil, especialmente as letras de sambas-enredo, cheias de clichês. Mas como espetáculo ele é inegociável, inquebrável e infalível. A Vai-Vai vem para o Anhembi com o tema que homenageia o compositor baiano Gilberto Gil. O segundo ensaio técnico aconteceu na noite da sexta-feira. 




Virais quase engraçados. 26.01.2017.

 

Nelson Sargento lança canal no Youtube.

     Melhor do que muito youtuber por aí. Aliás, fica aqui a pergunta, né: V. Sa. é do tipo que assiste bobagem de "youtuber". Fala sério. Enfim, o mangueirense Nelsão, do alto dos seus 93 anos, dá o recado.




Bônus:


Grupo Casuarina. Eta Lelê.

     Clipe gostosinho e bem brasileiro lançado no fim do ano passado. Com churrasco de quintal e molecada. Gravado no Humaitá, Rio.

 

Lata D'Água na Cabeça. Lilian Valeska.

Lilian Valeska é mais do que uma cantora, é uma diva. Ela manda jazz, MPB e o que pintar. Voz e balanço. 

O samba Lata D'Água, de Candeias Junior, é do tempo em que os morros exalavam paz, apesar da carência de estrutura que sempre dominou as comunidades. As mulheres desciam ao asfalto para buscar água e subiam os morros com as latas na cabeça. Eu cheguei a ver isso, quando criança, em Botafogo,  Rio, já nos anos 70. Hoje em dia, a água sobe o morro encanada até um ponto. Nos locais mais altos, ainda não chega. Enfim, a pobreza continua. Mas a poesia sumiu.

 

João da Nica e Marcheiros. A Marchinha do Kunagrelha.

     Eu tenho o orgulho de dizer que quem deu a ideia para a junção desses gigantes foi ninguém nada ninguém menos do que minha. Eu dei o palpite, eles gostaram da ideia e saiu esta maravilha da patacoada. Vai aí para o amigo campineiro, brasileiro e do mundo inteiro. Curtam o carnaval com a Marchinha do Kunagrelha. Trouxe para o meu blog. É sempre aqui que eu me manifesto com grande sabedoria. 




     Agora vou jogar um confete bacana porque essa rapaziada merece: desde o fim da dupla Be e Thoven, nos anos 90, que a cidade de Campinas não tem manifestações de humor que saiam de suas fronteiras. Parabéns aos amigos Marcheiros e ao Joãozinho da Nica. E já dizia o amigo Helder Bittencourt, prematuramente falecido: alegria é coisa séria.

Virais quase engraçados. 23.01.2018.

A peruca da Alpaca (la peluca de la alpaca). Que rico. Que lindo.
 

Curta. Sonhos.

     Sonhos é um filme bonitinho do canal 12 sobre a molecada de um campinho de rua. Na maioria das vezes, é daí que nascem os grandes craques. O sistema de base moderno, que inclui as escolinhas pagas, cheias de garotos de classe média, ainda rende bem menos. Sim, compadre, das escolinhas sempre podem surgir craques. Eles surgem de todo lugar. O talento não tem berço certo. 

 

     Isso pode parecer um pouco de redundância cafona e antiga mas eu acho indissociável. E gosto. É referência musical do futebol. Abra quem quiser. O delicioso samba de Luis Bandeira, Na Cadência do Samba, que fazia o fundo dos filmes de Carlos Niemayer, feitos na linha do gramado, no velho Maracanã. Quando ouço, sinto retomada a alma do futebol brasileiro, aquela, a perdida. 


Corina Magalhães. Chovendo na Roseira.

     Outro exemplo de cantora atual e talentosa que bebe no passado. Claro, não apenas no passado, mas sempre resgata antigos sucessos. Aí está a mineira radicada em São Paulo, Corina Magalhães, com Chovendo na Roseira, de Antonio Carlos Jobim. Corina é nome destacado da renovação da MPB. Qualidade e reportório impecáveis. Com ela no vídeo estão Fredy Pietz na guitarra e Ivan Sakavicius no violão.   

     Há um fato interessante sobre esta canção. Ela foi composta sete anos antes do sucesso efetivo. A melodia foi criada em 1967 com o nome "Childrens Games". Já nos anos 70, recebeu letra e a gravação de Elis Regina.




É Com Esse Que Eu Vou. 36 anos sem Elis.

    Em 19 de janeiro fez 36 anos que a cantora Elis Regina faleceu prematuramente ao beber whisky misturado com cocaína. Até hoje o Brasil se pergunta por que. Ela não possuía perfil público problemático. A notícia da morte foi uma terrível surpresa. Eu era garotão e fã apaixonado pelo talento, pela musicalidade, pelo charme pessoal do sorriso de covinhas, pelos olhos vivos e pelo espírito provocador. Lembro que fiquei com uma mágoa profunda. 

     A marchinha carnavalesca É Com Esse Que Eu Vou foi gravada por Elis no início dos anos 70. Mas originalmente foi composta por Pedro Caetano nos anos 40. Elis a resgatou e a levou ao sucesso.

     Em 1970, após falar mal da ditadura militar em Paris, onde se apresentava no Olimpia, Elis sofreu pressões dos militares. Para poder voltar ao Brasil, teve de cantar o Hino Nacional nas Olimpíadas do Exército. A atitude a deixou mal também com a esquerda. Em vista disso, Elis gravou a velha marchinha de carnaval. O recado é claro. Era o que ela queria dar. Trata-se, como dito, de uma marchinha de carnaval, mas Elis dá o seu próprio tratamento, altera a harmonia e o astral.

     Esta gravação de TV é de 1973, programa icônico do Fernando Faro, na TV Cultura de São Paulo. O piano refinado é do marido e arranjador dela na época, Cesar Camargo Mariano. 




      Incoerência. 

     Elis disse que não gostou de Chico Buarque inicialmente, ao ser apresentada a ele, um caladão tímido. E dizia que adorava Milton Nascimento desde o primeiro olhar, outro... caladão tímido.

     Paixão. 

     Milton Nascimento confessou, faz algum tempo, que foi apaixonado por Elis e que tudo o que fez na vida foi por ela. Levou seus sentimentos de forma platônica. Jamais se declarou.
 .

Conversa de Botequim. Francyene Rossett.

     Que lindo isso. Mas andei pensando o seguinte: cadê a renovação da Música Popular Brasileira? E falo de compositores. Cantores jovens há muitos, como a Francyene. Fomos, enfim, invadidos por uma tsunami de mediocridade, como funks, sertanejos e etc. Tudo de doer. Aí os intérpretes jovens vão beber no passado. Bom, antes assim. Quando o intérprete é talentoso, o resultado é incrível. Conversa de Botequim é um samba clássico de Noel Rosa, o poeta de Vila isabel, Rio, e vem lá dos anos 30. É lembrado até hoje. Cada vez menos, mas ainda é. E Francyene tem a voz agradável e o clipe está bem gravado. Muito legal. 




Amigo é Pra Essas Coisas. Ruy Faria e Chico Buarque de Holanda.

     Este bonito clipe tem o propósito de homenagear o cantor Ruy Faria, ex-componente do MPB4 que faleceu semana passada. Foi gravado em seus últimos tempos. A conhecida canção Amigo É Pra Essas Coisas é de Aldir Blanc. Quem ainda não a cantou em algum barzinho da noite? A canção é sucesso do MPB4 do início dos anos 70. O sucesso foi tanto que há até aqueles que a sentem como clichê e coisa manjada que já deu. Mas não é não. Os versos que falam sobre os amigos no boteco medindo a vida passada e os amores irresolvidos ainda tocam. Basta ouvir novamente com Ruy e Chico Buarque de Holanda que tudo se renova. 

 

Publicidade Internacional. Animação. VHI Healthcare.

     Esta animação me chamou a atenção por alguns fatores. Antes de tudo, por ser uma animação. Gosto deste estilo de cinema publicitário e confiro tudo o que encontro. E depois, pelo tema em si. Bem, a VHI Healthcare, maior empresa de seguro de saúde da Irlanda, mostra a personagem em uma "aventura" em Cuba. Lá, ela adquire "trombose" na perna. Mas é prontamente atendida pela VHI. Será que bebeu demais no La Bodeguita del Medio? Ehehehe. Fiquei com a impressão de que a mensagem passada é a de que "até em Cuba" o irlandês da VHI será bem atendido. Well, Cuba, apesar de criticada por muitos setores da imprensa e do governo dos Estados Unidos, tem uma excelente estrutura médica. Com um bom seguro, você estará melhor atendido lá do que em Dublin ou Miami. E será que a VHI atende prontamente no Sudão do Sul?
 

Musical Spongebob SquarePants na Broadway.

     Eu acho que não pagaria para ver isso. Não estou dizendo que é ruim. Nem vi. Mas se já não gosto, em geral, de musicais, imagina isso. O desenho da TV é meio bichoso mas é engraçado. 

 

Risadinha do Bob Sponja: ehehehehehehehe... 
E o Gary miando: miau.

Ensaio técnico Vai-Vai 2018.

    Sábado que passou a Vai-Vai esquentou os tamborins no Sambódromo do Anhembi, São Paulo. Ensaio para o desfile de Carnaval, em fevereiro. Vai aí uma pequena parte da gigante, especialmente com a bateria Pegada de Macaco. De vestidinho preto, a musa e rainha Camila Silva. 




     Convém aqui um comentário e uma lembrança: os desfiles do Rio de Janeiro são sempre mais vistosos, embora não tecnicamente melhores. Mas este ano, com a pindaíba em que se encontram a cidade e o Estado do Rio, as escolas estão com verbas curtas e se virando como podem. O resultado no cenário, só na hora que veremos. Devido a isto, São Paulo, este ano, poderá ultrapassar o Rio em exuberância de desfile. Ou não. Estou aqui só viajando na maionese e expondo meu palpite.  Veremos.

Spiritual gospel. New Life in Christ of Memphis, Tennessee. (atualizado)

     Não tenho nenhum vínculo religioso, apenas gosto da música. E muito. Vai aí algo bem original, retirado do coração do gênero black gospel. As cantoras gospel blacks americanas são feras. Muitas divas do jazz surgiram da escola gospel.

     Atualização: eu ia esquecendo de dizer que hoje, terceira segunda-feira do ano, ocorre o feriado Martin Luther King Day nos Estados Unidos. 

 

Monólogo de Cenas de Um Casamento. Lena Endre.

     O ano de 2018 é o ano do centenário de Ingmar Bergman. A fundação Ingmar Bergman tem várias iniciativas de homenagens e começa por publicar vídeos dos cortantes monólogos que o diretor inseria em seus filmes. Vários atores convidados interpretarão os textos, que serão transmitidos e publicados aos domingos. Hoje foi postado este de Lena Endre com Cenas de Um Casamento. O texto é magnífico por trazer questionamentos sobre da formação e a criação da mulher do século XX. Interpretado originalmente em 1973 por Liv Ulman. Legendas em inglês. 




Publicidade internacional. Canadian Labor Congress. Judy and Garry's Story.

     O Canadian Labor Congress, instituição de defesa de trabalhadores, fez este filme para divulgar que mais de três milhões de canadenses não conseguem pagar pelos remédios que precisam. E pressiona a criação de leis de garantias universais.

     Bom, se tem canadense reclamando, imagina como estamos no Brasil. 




     Mas é bom que fique claro: o Brasil TEM LEGISLAÇÃO protetiva. Existe no Brasil legislação onde o Estado é obrigado a pagar universalmente pela saúde, remédios inclusive, através do sistema SUS (Sistema Único de Saúde). Somos raros no mundo. Poucos países adotam este sistema, especialmente os grandes e populosos, porque quase sempre a contabilidade não fecha. Estabelecer saúde de qualidade para 100, 200, 300, 400 milhões de pessoas ou mais é complicado. A saúde é cara. Apenas o Brasil teve esta coragem insana durante a Constituição de 1988. E aí o problema do Brasil é falta de dinheiro. A lei acaba na boca da onça e nunca funciona totalmente. Há buracos e falhas. Mas a garantia constitucional existe. Ruim com ela, pior sem ela.

     Vejam só que constatação interessante: a Índia prefere gastar com armas a dar saúde para a sua gigantesca população miserável. Submarinos e reatores nucleares, porta-aviões e caças supersônicos saem mais barato.

Insensatez (How Insensitive). Andrea Motis e Joan Chamorro Quartet.

     O que faz um criador ser brilhante? É ser lembrado, é ultrapassar sua própria geração, fronteira e tempo. O maestro Antonio Carlos Jobim era assim. Tem muita gente no Brasil que torce o nariz para a bossa nova devido a harmonia, o ritmo e a temática. É lenta e fala de um país idílico. Há quem tenha problemas com isso. Não entendo muito bem. Quando explico, é pelo básico: ausência de ouvido musical. O sujeito para o julgamento no tema e não sabe avaliar a música. Se o tema da bossa pode ser discutível, a música não. E a música da bossa não é nada complicada ou difícil.

     Enfim, Jobim levou sua música para o mundo todo. O Brasil era pequeno para ele. Morreu em Nova York, em 1994, onde apenas passava temporadas, porque não deixava o Rio por nada.

     Falta ao medíocre, violento, corrupto, insano e baixo Brasil moderno artistas como Jobim, de brilho intenso. 

      Até hoje, a bossa nova é a face da música brasileira que mais seduz no exterior. Isso vem da Espanha. Joan Chamorro Quartet e Andrea Motis. 




Curta indiano. Baarah Hazaar.

     A indústria de curtas indiana chama a minha atenção pela quantidade e também pela temática. Existem filmes às pencas e quase sempre com inspiração social. Muitos com qualidade. Com a profusão de equipamentos disponíveis hoje em dia, e com a internet, ficou mais fácil fazer cinema de curta metragem. E isso no mundo todo e não apenas na Índia. Mas a Índia é desgraçadamente miserenta e desigual, um dos piores países do mundo em índice de desenvolvimento humano, o que certamente inspira. Este filme sobre o drama de uma jovem mãe quase não tem diálogos mas o desfecho fica bem claro. 

 

Trio Brasileiro e Anat Cohen. Murmurando.

     Notícia que vale a pena divulgar. O excelente Trio Brasileiro (Dudu Maia e os irmãos Douglas e Alexandre Lora) concorrerão ao Grammy Awards em 2018. Fico aqui na cola, torcendo. O Trio Brasileiro tem talento raro. São daqueles artistas que, infelizmente, podem conseguir maior destaque no exterior. Não é que sejam ignorados no Brasil. Nada disso. Sempre há quem dê o devido valor. Aqui estou eu, afinal. Mas ficam longe do que eu considero sucesso aceitável para tanta qualidade. Este vídeo foi realizado ano passado nos estúdios da rádio pública KNKX, em Seatle, Estado de Washington, Estados Unidos. A clarinetista Anat Cohen é americana. Os quatro apresentam-se juntos com frequência. O foco principal é o choro. Este do vídeo é Murmurando, de Jacob do Bandolim, um dos maiores talentos do gênero, cujo centenário ocorrerá em fevereiro. .


Noite Feliz (Stille Nacth, Silent Night) cantada por 32 refugiadas.

     O Natal já passou, mas como achei legal, trago e pronto. Mês passado, trinta e duas garotas refugiadas de dezessete países contaram um pouco de seus dramas e se reuniram em frente ao Lotte New York Hotel, na Madison Avenue, para cantar o clássico natalino que conhecemos com a versão Noite Feliz. A canção original, composta em alemão no século XIX, é Stille Nacht. A letra foi composta pelo padre Josepf Mohr e a melodia pelo organista e professor Franz Xaver Gruber, ambos austríacos. O filme é patrocinado e produzido pela ONU.

 

Nápoles vista por um drone.

     A empresa americana Expedia fez este vídeo para mostrar as belezas de Nápoles. A intenção é combater a má fama da cidade e levar turistas até ela. A cidade é mesmo bonita e charmosa. Seus nativos costumam negar os defeitos, não gostam de admiti-los. mas eles existem e são evidentes. Nápoles é a cidade mais corrupta da Itália. É centro de falsificações e contrabando. É preciso cuidado com documentos e dinheiro. Tem problemas de estrutura e é o berço da perigosa cultura mafiosa camorrista, que se estende por todo o perímetro urbano, da periferia ao centro. Os clãs da Camorra dominam boa parte da economia, como construção civil, lixo, vendedores ambulantes, tráfico de drogas, de influência, etc, etc. e etc.. Não é raro que demonstrem sua presença no meio da rua, à luz do dia, com tiroteios e mortes. Mas a cidade é bonita. Outra evidência. Com cuidado e orientações, e sabendo por onde anda e com quem se relaciona, o turista pode aproveitá-la sem problemas. Há o Vesúvio, as praias, a comida, e etc., etc. e etc. 




      Nápoles ainda não chegou ao estágio de descontrole selvagem em que se encontra o Rio de Janeiro, outra cidade bonita, como natureza até mais bonita, mas que eu não recomendo.

       O carioca, o natural do Rio, tem uma vantagem sobre o partenopeo. Ele admite os problemas. Vive os problemas. Sabe que a cidade é perigosa. Mas o Rio está no fundo do poço. O que é lamentável. Para o carioca, para o Brasil todo e para o turismo mundial. 
  

Fotos. Comemorando o Ano Novo.

     Galeria do TheAtlantic traz fotos com pessoas comemorando o Ano Novo ao redor do mundo. O filósofo italiano Antonio Gramsci escreveu que odiava o Ano Novo. Entendia que uma data não significa absolutamente nada. Um dia vem após o outro. Somos presos por convenções comerciais e tolas. Enfim...


    O casal e a praia de Copacabana, Rio de Janeiro (Leo Correia/AP).
     

Virais quase engraçados. 06.01.2018.

A coisa anda meio fraquinha este ano, mas essa eu gostei.

  

Os 77 anos de Hayao Miyazaki. Tema de Totoro. Path of the Wind.

     O animador japonês Hayao Miyazaki completa 77 anos hoje, 5 de janeiro. É fera. A arte dele está acima dos outros do gênero, como Pixar e Dreamworks. Miyazaki é o criador dos estúdios Ghibli, do simpático monstrinho Totoro e Oscar de melhor animação de 2003 com A Viagem de Chihiro, entre outros trabalhos brilhantes. É artesão meticuloso. Trata a animação com poesia sofisticada e possui a mesma estatura cinematográfica de Kurosawa ou Fellini. Merece muitas homenagens. Como estou sempre atento a trilhas sonoras, pesquisei e achei este vídeo recente deste casal executando o tema de Totoro. Ela em Washington e ele em Paris. 

 

Documentário. The Deep Place.

     The Deep Place une cenas ficcionais e documentais para contar a história do menino Foli. Como muitos outros meninos de Gana, ele viveu o drama do trabalho infantil escravo no Lago Volta. O filme foi produzido pela ONG International Justice Mission, dedicada a promover o resgate de crianças nesta situação pelo mundo. 

Jerry Pearce. Sinatra Idol Contest.

     Jerry Pearce foi o vencedor de 2017 do Sinatra Contest, em Hoboken, New Jersey, do lado de lá do rio Hudson. Foi em julho, no verão de lá, mas só vi agora. Tá valendo. No fundo do vídeo, o bonito skyline de Nova York (Manhattan) que Hoboken oferece. Hoboken é outra cidade e outro estado mas é vizinha de Nova York. Para chegar até lá basta passar por baixo do rio pelo Lincoln Túnel. E é a cidade natal de Sinatra.

     Jerry Pearce no Sinatra Park e a canção gravada em 1964, The Best is Yet to Come:

 

      Tempos atrás, talvez até meados dos anos 70, Hoboken, e também a parte italiana do Bronx, em Manhattan, eram tradicionais cafofos da máfia. Para quem fosse até lá seria prudente não arrumar encrenca em barzinhos com fundo falso. O risco de nadar no Hudson com sapatos de concreto era grande. rs. Estereótipo? Clichê? Nem tanto. Todo estereótipo tem um fundo de verdade.

Judy Garland Museum.

     Antes de tudo, um bom vídeo dela porque não pode faltar. Judy Garland Show, CBS, 1963/64. 





     E agora o assunto principal, o Judy Garland Museum, que fica em Grand Rapids, Minesota, cidade natal da cantora. 



      Cumpre constatar que nos Estados Unido existem muitos museus, e para tudo e para todos os grandes artistas. E tudo sempre muito bem cuidado.

Trilha. The Pink Panther. Jonny Hepbir Quartet. Meglio Stasera.

     Uia. Isso vem do primeiro filme Pink Panther, o clássico de Blake Edwards de 1963 que levou Peter Sellers e Claudia Cardinale ao estrelato mundial. No filme, é cantada pela coelhinha da Playboy, Fran Jeffries. Composição dos maestros Henry Mancini e Franco Migliacci. Só lembrando: o Hepbir Quartet é britânico e faz excelentes adaptações para o jazz cigano. 

 

Virais quase engraçados.02.01.2017.

Começo de ano. Hoje só tem um.

Atenção que a tia vai escorregar de barriga no papelão.
 

Agnaldo Timóteo e Cauby Peixoto. Conceicçããããããããoo... (atualizado)

     Começo este pequeno "textículo" de início de ano por dizer que não dou muita bola para Ano Novo. Há um texto do pensador italiano Antonio Gramsci, escrito em 1916, onde ele diz "odeio o Ano Novo". Em síntese, o filósofo afirma que um dia vem logo após o outro e comemorações festejando um porvir melhor a partir de uma data específica é convenção tola ou marketing comercial. Não exagero tanto. Não odeio nada. Tomo a minha champagne. Embora concorde com Gramsci sobre convenções tolas. 

     Enfim, aqui já estamos de volta e com dois gigantes da voz, Cauby Peixoto (1931-2016) e Agnaldo Timóteo. Cauby foi grande ídolo do rádio e tinha timbre e recursos vocais únicos e inigualáveis. Em seus tempos de jovem ídolo, as moçoilas quase arrancavam-lhe as vestes quando surgia em público. Era gay assumido. Chamavam a atenção suas roupas coloridas, que davam a ele um ar "kitsh", embora fosse discreto na vida íntima. O repertório realmente balançava entre o sublime e o cafona. Mas a voz era o que marcava. Timóteo, figurinha polêmica que já foi deputado, também tem seus dotes. Não é fraco não. 

     Timóteo lança neste início de ano o álbum Obrigado Cauby, uma homenagem ao mestre e amigo desde os anos 50, tempos em que Agnaldo era ainda um torneiro mecânico em Governador Valadares e lutava pela carreira. 

     E Conceição, gravada por Cauby em 1956, é o grande sucesso que o acompanhou até os últimos dias. Não terminava um show sem cantá-la. Toda mulher chamada Conceição sofria bullying quando dizia o nome. Eis aí Conceiçãããããããããão...




     Atualização.

      Não dá para deixar passar. Lembro que o humorista paulistano de rádio e TV Serginho Leite (1955-2011) se apresentava nos anos 80 com o personagem Cauby Timóteo. O lado direito tinha a fantasia de Timóteo e o esquerdo a de Cauby. Ficava de perfil e, conforme o lado que estivesse para a frente, imitava e fazia sua caricatura. Um trabalho hilário e talentoso.

Serginho Leite e o Cauby Timóteo.