Maíra. Disparada.

     Nesta terça-feira, 12 de setembro, o compositor Geraldo Vandré completou 82 anos. Vive quase como um eremita em um apartamento do Centro de São Paulo. Quase não atende a porta e sai pouco. Há o mito de que enlouqueceu devido perseguições de agentes da ditadura, em fins da década de 60 e começo da de 70, os chamados anos de chumbo. Contestador e engajado, Vandré era marcado. A última entrevista que concedeu à TV, faz alguns anos, um furo do ótimo Geneton de Moraes (1956-2016), Vandré intercalou sensatez e coisas meio sem nexo. 

     A poesia de Vandré é forte e impactante. Disparada, parceria com o publicitário Théo de Barros, é um exemplo fantástico. Foi interpretada por Jair Rodrigues (1939-2014) no Festival da Record, em 1966. Empatou com A Banda, de Chico Buarque de Holanda. A letra, que carrega o universo do vaqueiro e vem com recados sociais, tem beleza épica. Há diversas leituras de Disparada. A de Jair, pra cima, braços levantados, sem dúvida é a mais conhecida. Quando alguém a lê de forma diversa, fica estranho. Maíra fica próxima de Jair ao dar impulso épico à letra bonita, pronunciando bem as frases. Ficou bonito. É raro de ver. Em geral distorcem o espírito da canção. Ela requer ênfase. 




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