Casa de Carlos Gomes em Maggianico.

     Este site fala sobre a casa do maestro campineiro Carlos Gomes (1836-1896) em Maggianico, Lecco, próximo ao Lago de Garda, Itália. A Villa Gomes, ou Villa Brasilia, está muito bem preservada. O maestro Gomes, "il selvaggio", como era chamado devido sua origem brasileira, de espírito talentoso mas inábil no trato do dinheiro, construiu este rico patrimônio no tempo de seu auge para depois precisar vendê-lo para pagar dívidas. A propriedade está em local de privilegiada beleza e tem construção cujo luxo e imponência impressionam. Gomes procurou este idílico local por não gostar de Milão, centro propulsor do mundo da ópera no século XIX, que considerava uma cidade fria e insalubre. 



     Gomes, o mais significativo compositor operístico das Américas, saiu de Campinas para viver no Rio de Janeiro. Depois de certo aprendizado no Rio, e com mecenato do Imperador Dom Pedro II, partiu para a Itália, onde conseguiu sucesso. Mas era inábil com dinheiro. Vendeu, por exemplo, para um editor, antes da estreia, os diretos de sua obra-prima, Il Guarany, e nunca ganhou dinheiro com ela. Fez dinheiro depois, com Salvador Rosa, Fosca e Lo Scchiavo, mas era pródigo e perdeu tudo. Voltou para o Brasil empobrecido e doente para trabalhar em Belém do Pará, onde faleceu. Está sepultado em sua cidade natal, Campinas, São Paulo, onde há um monumento que guarda seus restos mortais. Carlos Gomes, campineiro como eu, é o meu mais ilustre, garboso e talentoso conterrâneo. O resto é de Bolsonaro pra baixo.

     O apelido "il selvaggio" não era de caráter ofensivo. Vinha de sua capacidade sedutora e impetuosa e de seu aspecto diferenciado para o italiano da época. Gomes era moreno (foto aqui) e possuía a mestiçagem cabocla (caipora, caipira) comum no Brasil até hoje, entre europeus e índios.

Orquestra Sinfônica Nacional. Abertura de O Guarani.

Novo álbum de Chico Buarque.

     Chico Buarque de Holanda lança álbum novo pela Biscoito Fino, depois de alguns anos sem gravar.

     Nesta canção, Tua Cantiga, cujo clipe vem como apresentação do lançamento, dá para enxergar certo recado eclíptico e metafórico, como ele fazia nos tempos em que a censura o tolhia. Posso estar enganado, mas há algo mais aí do que uma simples declaração de amor por alguma mulher. Em sua poesia, como sempre primorosa, ele constrói uma parábola política e diz que, aconteça o que acontecer, ele manterá suas convicções. É isso? Ouçam e pensem.

     Well, rola aí uma polêmica sobre Chico, mais uma, com esta canção. Há quem afirme que ele foi machista. Enfim, política, só eu vi. Hehe.




Charanga do Flamengo.

     Ela talvez não seja a melhor do seu gênero. Há outras boas, como a Charangalo, de Belo Horizonte. Mas é indiscutível que é uma das mais icônicas e antigas. A Charanga do Flamengo traz o espírito da boa torcida, um tempo que está indo embora, sem recuperação. As charangas são fantásticas porque misturam o mundo do futebol com a música e com o Carnaval. Ninguém mais cria charangas em torcidas. Dominam a porrada, a violência e a incivilidade ignorante. O valor se perdeu. Este pequeno documentário é de 2011, mas está em ótima forma. É bom lembrar também que as boas charangas não ficam presas apenas ao futebol. São instituições que podem ser contratadas para aniversários, chás de cozinha, despedidas de solteiro, liquidação de loja de colchão, posse de vereador e enterro de sogra.




México. Julieta Venegas e banda Bronco.

     Descobri a cantora mexicana Julieta Venegas por estes dias. Gostei. Leva com ela o estilo raiz da cultura mexicana, apresentando-se com uma pequena sanfona, mas também pode interagir com os representantes do mercado. É o que ocorre neste clipe. A banda Bronco tem estilo quase narco corrido, o gênero preferido de nove entre dez membros das perigosas gangues do norte. Amigo brasileiro, experimente. 

 


Mashrou' Leila. Roman.

     Mais uma daquelas coisas diferentes, com som alienígena aos ouvidos ocidentais, e que eu pesquiso e gosto. A banda libanesa Mashrou' Leila e a canção Roman, que fala da difícil luta pela plena emancipação e libertação feminina no mundo árabe. Gravado no Líbano, país onde ainda existe alguma ponta de liberdade. 

 

A Bronx Tale na Broadway.

     Apesar de encarar musicais sempre como opção de segundo plano, achei interessante isso pelo contexto. A Bronx Tale, história criada pelo ator e escritor Chazz Palminteri, já foi filme de DeNiro e agora também é musical da Broadway. Dizem que os fatos narrados compõem uma autobiografia de Palminteri. O menino Calógero é filho de um honrado e pacato motorista de ônibus que evita envolver-se em encrencas. Cresce no bairro que é o coração nervoso da máfia e apega-se ao chefão da área, Sonny, que o trata como filho e lhe dá aproveitáveis e politicamente incorretas lições de vida, bem diferentes das que recebe do pai. 




San Diego Comic Con. Vencedores do Eisner Awards 2017.

     A San Diego Comic Con, que encerrou neste domingo, divulgou os vencedores do Will Eisner Awards.


San Diego Comic Con 2017.

     De 20 a 23 de julho rola uma das melhores comic cons do mundo, a de San Diego, Califórnia. Muita bobagem, muito infantilismo, mas como tem de tudo, sempre tem algo aproveitável. Como todo mundo que ama quadrinhos, sou apreciador desde criança, mas nunca dei muita pelota para quadrinhos de super-heróis com cuequinha por cima da malha colant e coisas do gênero, a grande escola americana. Nerdice, pra mim, tem limite, e é curto. Panaquice japonesa também descarto. Minha preferência são os quadrinhos europeus, adultos, tiras de humor, etc. Mas sempre vale a pena dar uma espiada. Não desprezo nem viro as costas totalmente. Se estivesse nos Estados Unidos, daria uma passadinha por lá. Este vídeo tem algumas cosplays interessantes.




Site oficial:


Animação. A Single Life.

     O tempo controlado pela execução de um disco na vitrola. Premiada e divertida animação produzida pelo estúdio holandês Job Joris & Marieke.

 

28º Prêmio da Música Brasileira.

     Ocorreu ontem, no Municipal do Rio, a cerimônia do 28º Prêmio da Música Brasileira. Homenageado, Ney Matogrosso. Eu destaco uma vencedora, a cantora Elza Soares, 80, que ganhou o melhor álbum do ano, Elza Canta Lupi, onde ela interpreta canções do gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974). Elza é a estrela sestrosa do gingado do samba dos anos 50 e 60, ex-mulher do jogador Garrincha. De personalidade forte, ainda está plenamente ativa. E Lupicínio ficou carimbado para a posteridade como o compositor das canções doloridas das frustrações de amor, a "fossa". Neste vídeo, Vingança.

"Eu gostei tanto, tanto, quando me contaram, que a encontraram bebendo e chorando na mesa de um bar..."




Lista dos vencedores do 28º Prêmio da Música Brasileira.

Virais quase engraçados.

     Não. Não estou querendo transformar meu blog em repositório de virais pretensamente engraçados, como há muitos por aí. Apenas pinço alguns, de acordo com o "meu" senso de humor, e os utilizo como tampão para falta de assunto. Virais são muito mais abundantes do que assuntos relevantes. Rolam às pencas. Tudo tem a sua hora e utilidade. Escolhidos os melhores e excluídas as bobagens infantis, há coisas aproveitáveis. Rir é o melhor remédio, depois da manguaça, já diz aquele filósofo do boteco da esquina. 


Choro manouche de Tiago Tunes.

     Tiago Tunes é um dos mais jovens bandolinistas do Brasil. Toca desde criança. Cresceu um pouco. E lembro que Jacob do Bandolim (1918-1969) deixou sempre claro que pensava que o choro iria desaparecer depois dele, especialmente o bandolim. Estava redondamente enganado. Era musicalmente gênio, mas um pouco reaça e míope de visão. Suas predições negativistas não se concretizaram. Tiago leva o choro além de suas fronteiras e o insere no estilo jazz manouche (cigano) inaugurado pelo guitarrista belga Django Reinhardt.


Virais quase engraçados.

     Inaugurando a série Virais Quase Engraçados. Mas humor é subjetivo. Veja se consegue rir.





HQ Mix 2017. Lista de indicados.


Publicidade internacional. Índia. Sabonete Hamam.

     A Índia tem índices preocupantes de qualidade de vida para mulheres. O machismo milenar as sufoca e as faz vítimas de maus tratos, crimes e desrespeito. Mas o empoderamento feminino está chegando. Este filme do sabonete Hamam mostra a menina se preparando para enfrentar o mundo sozinha. 




Jazz at Lincoln Center ao vivo pelo Livestream.

     Para programar. Terça-feira, 18 de julho, 8:30 da noite, McCoy Tyner. Abra a página e confira as demais apresentações. O mês ainda tem a fantástica orquestra de Vince Giordano, que toca jazz dos anos 20 (já participou de trilhas de Woody Allen), Carlos Henriquez and his Mambo Orquestra, Wynton Marsalis e termina com Marcus Strickland.




Francis Hime explica A Felicidade.

     Bacana. Vale a pena ouvir os esclarecimentos que Francis Hime oferece para A Felicidade, canção de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Ela foi composta para a trilha sonora do filme Orfeu Negro, direção de Marcel Camus, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em 1959. É um clássico da era bossa nova. 

     Vendo Francis, caiu-me uma ficha. Quando eu era criança, ele e outros como Edu Lobo e Chico Buarque, eram os incontestáveis garotões charmosos dos descolados, e que vinham da geração dos festivais, já à frente da bossa nova. Estão velhos e eu já passei "del mezzo del camin di nostra vita", como diria Dante. Caraca.




Academia Brasileira de Cinema.

     A Academia Brasileira de Cinema é bem interessante porque foi idealizada, em essência, no mesmo modelo da academia de Hollywood. Assim, para premiações, os filmes são escolhidos pelos próprios profissionais que trabalham no cinema. O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro acontece em setembro. Os indicados já são conhecidos. O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro está em bom caminho para superar Gramado, que já foi a melhor premiação brasileira, mas anda meio em baixa. 



Inconformismo. Site 342Agora.com.

     O site 342Agora.com ajuda o eleitor inconformado a fazer pressão e enviar e-mails para todos os deputados de Brasília, pedindo o julgamento e a saída de Temer. É bem fácil. Bastar escolher a opção. 



Viatura gay da polícia de Nova York.

     Viatura "drag queen". Modelo lançado para o Gay Pride.

     Sirene provável: uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuiii... ui  ui ui ui ui ui...





O Viola Minha Viola é de Adriana Farias.

     O programa de música sertaneja da TV Cultura de São Paulo, Viola Minha Viola, que era apresentado pela cantora Inezita Barroso (1925-2015), e que estava na geladeira após o falecimento da apresentadora, entra em fase atualizada, agora com Adriana Farias. Adriana participava do grupo feminino Barra da Saia. 




TV Cultura. Viola Minha Viola.

     Lembrando para quem não sabe: a música caipira, ou a moda de viola (a viola caipira, este instrumento lindo aí da Adriana) surgiu entre os séculos XIX e XX no vórtice das cidades de Piracicaba, Sorocaba e Botucatu, interior do Estado de São Paulo. Caipira (kai pira) é palavra de origem tupi-guarani. Significa originalmente algo como "homem do mato", ou "do interior". A música regional caipira, interiorana, a partir dos anos 40 e 50, teve como principais nomes duplas como Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho. Décadas depois, alastrou-se por outros Estados como Minas Gerais e Goiás para dar luz ao tal "sertanejo" que conhecemos hoje, das duplas de cornos com calça agarrada. 

Tonico e Tinoco: Moreninha Linda.



Animação. The Oddbods.

     A série de animação The Oddbods é criação do estúdio CG Animation, de Cingapura, mas está fazendo sucesso nas TVs do mundo todo. É, em tese, indicado para crianças, mas adultos podem curtir numa boa porque os bonequinhos são bastante engraçados. Eles têm uma certa pinta de Teletubbies, mas são bem mais esculachados. A série já abocanhou diversos prêmios, como o Asian Television Awards, o Apollo Awards, Gold Panda Awards e Web TV Asia Awards.

 

Oddbods.com

     A crítica que eu faço é aquela que eu faço a quase todas as animações modernas: mais computador do que traço. Temos de avaliar pelo argumento, roteiro e humor.

Curta. Nascent.

     Este curta dirigido por Lindsay Branham and Jon Kasbe mostra duas crianças da República Centro-Africana. Uma é católica e a outra é muçulmana. Ambas demonstram suas angústias e questionamentos. O filme tem uma postura correta. Mas é preciso sempre deixar constatado que em toda a África, e não apenas na República Centro-Africana, antes da religião, existem como conflito guerras tribais seculares (ou milenares) que afetam e sempre afetaram muito mais a dinâmica do continente. Sequer o colonialismo acabou com elas. Consciente de que não poderia, utilizou-as.

 

Propaganda. Operadora de telefonia Zain.

     A operadora de telefonia móvel do Oriente Médio, a Zain, fez este filme como um libelo contra os atos de terrorismo. Vale sempre lembrar que o terrorismo em sua versão islâmica não é apenas uma atitude de retaliação política. Trata-se de uma profunda cultura religiosa manipuladora e de difícil combate.  




Fotojornalismo. Batalha por Mosul.

     Forças iraquianas estruturadas e apoiadas pela coalizão de países liderados pelos Estados Unidos, como Inglaterra, França e outros puxa-sacos, anunciam que a tomada total de Mosul se aproxima. As fotos das Agências Reuters e Getty mostram uma realidade dura de violência e mortes. Os Estados Unidos combate aquilo que ele mesmo criou através de invasão espúria e desnecessária, o ISIS. Homens, mulheres e crianças vivendo em situação perversa já faz mais de década. A revolta domina a população iraquiana. Aqueles que apoiam o ISIS, e não é pouca gente, odeia os Estados Unidos pelos motivos que o mundo todo sabe, e a classe média não islâmica, que também não é pouca gente, sente-se invadida e gravemente agredida por todos os lados. E por todas as faces do Iraque, a América não pode esperar um "obrigado, venha tomar um chá e volte sempre". Galeria The Atlantic.



Novo site para Pinxinguinha.

     Muito bonito o novo site sobre o compositor Pixinguinha (1897-1973) lançado semana passada pelo Instituto Moreira Salles. Pixinguinha é o mais icônico (o que não quer dizer exatamente o melhor) compositor do gênero choro. De personalidade afável, mestre Pixinga só tinha um defeito pessoal, o alcoolismo. Não fosse isso, seria santo. E o talento único para a música o deixou gravado na posteridade. 



     E de novo novamente outra vez, o Carinhoso de Pixinguinha com Marcio Montarroyos (1948-2007). Isso mexe comigo.



Prêmio Comunique-se

     Prêmio Comunique-se de jornalismo e comunicações. Internautas têm até 30 de julho para votar nos indicados. Diante da situação política estarrecedora que o Brasil atravessa, está difícil acreditar na imprensa. Quem acredita piamente, sem um olhar crítico, é manipulado. Se, por um lado, devemos constatar que tudo acontece devido a imprensa, que denuncia, por outro, há muita má-fé, muito aparelhamento e muito envolvimento com projetos que obscurecem a verdade. Salvam-se poucos.



Documentário rápido. Major Sajjad.

     George W. Bush utilizou seu poder na presidência dos Estados Unidos para invadir o Iraque com mentiras, desestabilizando a soberania do país e dando origem ao Estado Islâmico (ISIS), o flagelo que vai incomodar a existência humana por muito tempo. 

      O cinegrafista Ben C. Solomon acompanhou uma unidade do exército do Iraque pelas ruas de Mosul, cidade onde ocorrem enfrentamentos com rebeldes do EI. Vídeo postado pelo The New York Times. 




Kurt Elling

     O premiado cantor americano Kurt Elling tem técnica refinada e usa a voz como um instrumento. O estilo tem charme e muita gente aprecia. Kurt é premiadíssimo. Eu confesso que vejo um pouco de falta de pique, de sabor. Ele não é original ao fazer isso. Ella Fitzgerald, por exemplo, fazia, mas levantava tempestades com seu som. Enfim, este julgamento é apenas meu. Trata-se de uma visão pessoal e não uma crítica ao trabalho de Kurt, que reconheço muito refinado e destinado aos ouvidos de poucos. Merece todos os prêmios que abocanhou até hoje. Só a revista Down Beat o elegeu o melhor vocalista masculino por 14 anos seguidos. Neste vídeo, ele se apresenta na rádio TSF Jazz, de Paris. Aprecie. 

 

Silver cantando jazz:


Silver.

O Silver é o gansinho que é amigo do Wilbur e que de vez em quando também vai meter as caras por aqui.

UHNÉÉÉÉÉ...!!