Que bonito isso, hein? A cantora portuguesa Raquel Tavares lançará em janeiro o álbum "Do fundo do meu coração", com canções de Roberto e Erasmo Carlos em ritmo de fado.
Neste clipe, o sucesso que fez parte da trilha do filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Farias, 1967), Como é Grande o Meu amor Por Você:
A Tabajara na virada do ano em Copacabana? Ou seria uma filial "não autorizada"? Pois é, a Tabajara sobreviveu ao falecimento de seu fundador, o maestro pernambucano Severino Araújo (1917-2012), mas encontra problemas com seus herdeiros musicais. Pelo menos é o que andam falando. A orquestra contratada para a apresentação de gala em Copacabana é regida pelo filho de Severino, Chiquinho Araújo, mas o irmão de Severino, Jaime Araújo, diz que a batuta autorizada pelo falecido é dele. Há duas orquestras, então? Isso ainda vai dar bode.
E um vídeo de boa qualidade com a Tabajara sob a regência de Severino. Canta Brasil (David Nasser e Alcir Pires Vermelho):
Nota bônus: A Tabajara foi formada em 1934 pelo cônsul holandês de João Pessoa, na Paraíba, Oliver Von Sohsten. Severino, um dos clarinetistas contratados, assumiu o comando em 1938, com apenas 21 anos de idade. A orquestra tinha como grande pegada a inserção de ritmos brasileiros, como o samba e o frevo, no modelo das big bands americanas de artistas como Tommy Dorsey e Glenn Miller. E fazia isso com um brilhantismo arrasador.
Um clipe da bonita Ive, a brasiliense que na semana passada ganhou elogios de Madonna em um bar de Lisboa. A notícia repercutiu e levou alguns holofotes para cima da moça. Neste clipe, ela canta com o camaronês Blick Bassy.
Grande personalidade da música instrumental brasileira, João Donato está se apresentando com o filho Donatinho. Recentemente lançaram o álbum Sintetizamor. Fica aí o registro. Este vídeo é da TV Brasil. A habilidosa bossa do piano de Donato envereda pelo som eletrônico e se aproxima da sonoridade de outro ícone, Eumir Deodato.
O marinheiro e tripulante James DePoy idealizou a Jimmy Deep and the Warner Brothers. O nome da banda lembra o estúdio de Hollywood mas não tem nada a ver. Esse Warner Brothers vem do nome do submarino americano USS John Warner. Neste vídeo, lançado recentemente no Youtube, DePoy e seus amigos cantam Deep Blue Chrsitmas, canção que imagina Papai Noel visitando a tripulação do submarino no meio do oceano. É uma forma de exorcizar o Natal isolado.
Nota: os tripulantes de submarinos, nos Estados Unidos, são todos voluntários. Se o Elcinho aqui fosse americano não seria voluntário para essa poha nem que a vaca tossisse. Não topo submarinos.
Totalmente demais. Lindo isso. Maravilha mesmo. Música de primeira qualidade vazando pela caixa d'água. O trompetista americano Warren Vaché e a banda alemã WDR.
A imortal Nélida Piñon, que na semana passada levou sua cachorrinha Suzy à ABL para conhecer a estátua de Machado de Assis (veja aqui), agora lançou o site Memórias do I Centenário. Fundada em 1897 por Machadão e outros, a ABL já comemora 120 anos. Ehehe, claro que a inciativa é bonita e vale uma espiada. Trata-se do registro para a história da melhor literatura feita no Brasil no século XX.
A fotógrafa lituana Neringa Rakasiute fez este interessante ensaio sobre a beleza feminina que está fora dos padrões da moda e da mídia. Cumpre constatar que não são mulheres "feias", mas apenas fora dos padrões impostos. E a abordagem pode ir muito mais longe. Afinal, o que é uma mulher feia? Ou bela? Não há nenhum sinal de politiquismos corretos nesta constatação. Trata-se da natureza mesmo. Sentimentos e reações humanas para a estética no sentido sexual vão além dos padrões culturais impostos. A capacidade de sedução é um conceito bem amplo.
Opinião extensiva do blog: A discussão não vale para machos, que são feios geneticamente. Não há salvação.
Primeira marchinha de Carnaval da temporada. Nós, os Corruptos é uma paródia de Nós, os Carecas. Paródia do mestre pernambucano Severino Luiz Araújo
interpretada por Véio Mangaba (Walmir Chagas). Não custa lembrar que a marchinha original, “Nós, os Carecas”, é de autoria de Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr. e foi gravada pelos Anjos do Inferno em 1942.
Chamou a atenção da opinião pública esta semana a atitude do vereador campineiro Paulo Galtério, que colocou em discussão a existência da conceituada Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, questionando a utilidade prática da existência dela e o custo que ela acarreta. E desafiou: por que não acabar com ela? A população da cidade tem na orquestra um ponto de orgulho, demonstrou não se importar com os custos e ficou ofendida. A chiadeira foi grande. Galtério, cujos questionamentos não eram assim tão fora de propósito, já que a cidade está sem dinheiro e há prioridades, acabou por enfiar a viola no saco.
A OSMC já conheceu dias de maior brilho nos anos 80, quando tinha à frente maestro com capacidade para ser estrela, como Benito Juarez. A OSMC abriu um leque polêmico de opções ao interpretar músicas populares. Muita gente conservadora desceu o malho mas hoje muitas orquestra fazem isso. E, afinal, qual o problema? E a OSMC sempre teve, e tem, o trabalho erudito magnífico.
O maestro atual é Victor Hugo Toro. Este vídeo vem do canal dele no Youtube. Trata-se de uma excelente gravação da interpretação da abertura da ópera Fosca, do maestro campineiro Carlos Gomes.
A OSMC é totalmente pública. Por isso é uma sinfônica. Não temos no Brasil uma Filarmônica, que são as orquestras mantidas por dinheiro privado. Por muito tempo eu pensei que a diferenciação entre sinfônica e filarmônica estava no tamanho e que as filarmônicas eram maiores. Nada disso. É a natureza pública ou privada que as difere.
O filme acompanha a rotina de trabalho dos voluntários da Ambar Volunteers Paramedics, da República Dominicana. O país é pobre, carente de estrutura e eles são fundamentais. Diferente do Brasil, onde temos paramédicos, enfermeiros e soccorristas servidores públicos do SAMU ou profissionais do Corpo de Bombeiros. No Brasil não há voluntariado para serviços de emergência.
Inevitável algumas notas comparativas.
Notei no vídeo que eles trabalham com ambulâncias sem muitos recursos. Colocam o acidentado e saem no pinote. É o que podem fazer. O filme não mostra os hospitais. Para ser sincero, não devem ser grande coisa. Aí é o seguinte: se você for passear na República Dominicana, fique esperto.
O Brasil não é um país de primeiro mundo, embora não seja do terceiro, mas temos importante estrutura de atendimento de emergências instalada via SUS. Funciona bem em alguns locais, como São Paulo, e não tão bem em outros, como Norte e Nordeste. Mas sempre funciona. No Brasil ninguém é deixado na sarjeta. E há hospitais públicos completamente gratuitos da Amazônia aos Pampas, nem sempre bons, como eu já disse, mas sempre melhores do que nada.
A história original do touro de aparência feroz mas tonto e pacifista vem do livro infantil do escritor americano Munro Leaf. Disney a adaptou em 1938 em uma animação curta metragem de alguns minutos, mas que se tornou clássica. Esta versão em longa metragem, que estreia em janeiro no Brasil, foi dirigida pelo animador brasileiro Carlos Saldanha, o mesmo das ararinhas azuis de Rio e de A Era do Gelo. Produção Fox/Blue Sky. Aguardo para conferir. Ehehehe, a cena da loja de porcelanas é boa.
O compositor e violonista mineiro João Bosco é um artista que eu compartilho e posto cegamente. Se é dele, tá na área. João foi o parceiro do letrista carioca Aldir Blanc nos anos 70, sociedade que rendeu clássicos à MPB como Agnus Sei, O Bêbado e a Equilibrista, Corsário, De Frente Pro Crime, Incompatibilidade de Gênios, etc. A ruptura da parceria genial, ainda no início dos anos 80, diminuiu um pouco os dois, que cumpriam um dos mais brilhantes casamentos da música brasileira. Mas eles estão aí. João é sobretudo uma fera com o violão.
Em 2011, com apenas 21 anos, a americana Sarah Andersen conquistou sucesso na internet com as tirinhas Sara's Scribbles. A moça faz parte da nova geração de cartunistas de sucesso, que deram certo na internet e sabem utilizar a ferramenta com naturalidade. Compartilhados nas redes sociais, tem milhares, ou milhões, de seguidores. Nunca passaram pelo crivo de um editor ou julgadores. O sucesso é puro e vem do público. No Brasil há garotões bons de bola com o mesmo perfil, como Will Tirando. Para as tirinhas de Sarah, particularmente, eu acho o traço sem muitos recursos mas simpático. E o conteúdo é fútil e meio bobinho. Mas a internet, sabemos bem, não é exigente.
Trata-se de um detalhe irrelevante, mas que eu notei e vou apontar: Sarah tem outro atributo visível além do sucesso tipo "self made" eletrônico, é bonitinha e charmosa.
Pois é, agora é temporada dos filmes de Natal. Aprecio cinema publicitário mas evito clichês, como por exemplo uso de Papai Noel e família margarina. Esta semana vou dar uma passeada pela rede e trazer para cá o que eu encontrar que tenha qualidade. Pelo meu ponto de vista, evidentemente.
Este comercial da Audi é bem divertido e com bons atores. Dois babacas disputam espaço no estacionamento de um shopping. Aparece um Papai Noel no comecinho, por alguns segundos, mas recebe a atenção que dois machos geralmente dão ao assunto, nenhuma, hehe. O filme é recheado de testosterona panaca, o que sempre dá em boa comédia. Vi algumas referências como Telma e Louise e, no fim, Um Herói de Brinquedo, com Arnold Schwazenegger.
Esta semana a Polícia Federal invadiu a Universidade Federal de Minas Gerais e, sem previsão legal, levou coercitivamente o reitor para esclarecimentos sobre desvio de verbas para a construção de um monumento. A operação arbitrária teve o nome de "Esperança Equilibrista", expressão retirada de um verso de O Bêbado e a Equilibrista. A iniciativa da PF irritou o compositor da canção, João Bosco, que soltou nota pública de repúdio no Facebook.
Pois bem, o assunto me fez pesquisar alguma novidade sobre a canção e encontrei isto, que achei muito bom. A boa cantora gaúcha Nani Medeiros e O Bêbado e a Equilibrista, canção de João Bosco e Aldir Blanc, sucesso de Elis Regina que registrou com bonitos versos a "anistia geral e irrestrita", que possibilitou a volta de artistas e políticos que haviam sido exilados, fenômeno que acabou por desaguar na volta da democracia no Brasil após mais de trinta anos de ditadura dos militares. Lançada no fim dos anos 70, a canção já é um clássico da MPB.
"Canção que Aldir Blanc e eu fizemos em honra a todos os que lutaram contra a ditadura brasileira. Essa canção foi e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático." (João Bosco)
Um bom programa para quem está em São Paulo neste fim de semana. Vai rolar a Comic Con Experience, no Parque do Estado, Rodovia dos Imigrantes.
Como apreciador de quadrinhos, não posso deixar de registrar. Mas trata-se de evento que o degustador mais exigente precisa garimpar. O mundo dos quadrinhos tem muita bobagem. E eu sou do tipo enjoadão. Mas, enfim, vai do gosto. Respeito tudo no assunto. Há, por exemplo, bobagens muito bem desenhadas.
O grande prêmio das animações ocorrerá em fevereiro de 2018. Entre os indicados para animações comerciais, gostei deste filme italiano dos biscoitos Cabrioni.
Isto pode ser interessante, a cinebiografia de Maria de Magdala, a Maria Madalena. Até hoje o estudo científico da história não chegou a uma postura segura sobre sua trajetória, como a do próprio Cristo. Tudo envolto em teorias, mitos, doutrinações e dogmas. Há quem diga que ela foi companheira e amante. Como seguidora, por ser mulher, certamente foi relegada. Escreveu evangelhos que são considerados apócrifos.
Uma lembrança de Noel Rosa e Braguinha: "Linda pastora, morena da cor de Madalena, tu não tens pena de mim que vivo tonto com o teu olhar."
Madalena acompanhou Cristo até a crucifixão. Dizem alguns historiadores que o fato dos romanos terem entregue a ela o corpo do líder executado reforça a teoria de que ela era a companheira, já que os romanos costumavam entregar o corpo dos condenados às respectivas mulheres e à família. Trata-se de uma teoria que apenas reforça uma ideia, mas não prova.
Cristo no colo de Madalena, depois de crucificado, é imagem que avançou na história e foi registrada por muitos artistas, como na estátua Pietà, de Michelangelo Buonarroti.
Essa vai aí rapidinha. Muita gente não conhece. Michael Jackson e o Jackson Five fizeram sucesso a partir do fim dos anos 60, mas os Nicholas Brothers são dos anos 30. Vídeo com ótima qualidade de áudio e imagem.
Que lindo isso, gente. Ano que vem ocorrerá o centenário do grande instrumentista brasileiro Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim (1918-1969). O Instituto Jacob do Bandolim, o bandolinista Déo Rian e o Regional Imperial preparam o lançamento do CD Memórias de um Bandolim em homenagem a Jacob. E com um detalhe especialíssimo: Déo Rian, presidente do Instituto Jacob do Bandolim, está gravando com o bandolim nº 2, que pertenceu a Jacob e foi retirado do Museu da Imagem e do Som do Rio especialmente para isso. Não é um instrumento para cair nas mãos de qualquer um. Os bandolins do Jacob eram feitos sob encomenda e tinham (e têm) sonoridade até hoje inigualada. E não custa reforçar a lembrança: Déo Rian conviveu com Jacob e frequentou os famosos saraus na casa do músico, em Jacarepaguá. Este vídeo mostra cenas dos bastidores das gravações, realizadas no Estúdio Umuarama, em Laranjeiras. É pra glorificar de pé e orar de joelhos.
O dia 2 de dezembro é o dia nacional do samba. Este bonito clipe foi realizado na Pedra do Sal, localizada na base do Morro da Conceição, zona portuária e central do Rio de Janeiro. O local é considerado o "berço" do samba. Era ali que no século XIX escravos estivadores se reuniam e criaram o ritmo genuinamente brasileiro. Devido a esta característica, a Pedra do Sal é ponto turístico, onde vão muitos estrangeiros em visita à cidade. Mas é, ao mesmo tempo, um originalíssimo ponto de encontro de bons instrumentistas e intérpretes do samba. O nome Morro da Conceição é uma homenagem à santa católica Nossa Senhora da Conceição, padroeira daquele pedaço da cidade. E foi ali que viveu o compositor João da Baiana (1887-1974).
Nota: o fato deste dia 2 de dezembro ser considerado o dia do samba, porém, nada tem a ver com a Pedra do Sal. Em 1940, um vereador baiano legislou em Salvador que este dia seria comemorado tendo em vista a primeira visita do compositor Ary Barroso a Salvador. A puxada de saco do vereador baiano acabou por estender-se ao resto do país.
Inicialmente podemos pensar (e eu pensei) que a inauguração do "franchising" do Blue Note, no Rio, poderia não resultar em algo verdadeiramente interessante. O nome dá certo e tem tradição em Nova York. Mas aí a gente começa a ver o padrão dos convidados e reverte as fracas expectativas. O Blue Note Rio foi inaugurado na Borges de Medeiros, Lagoa, em agosto. Esta sublime apresentação de Carlinhos Lyra com o pianista Antonio Adolfo é do dia 11 de novembro.
O problema de iniciativas como esta no Brasil é o tempo. Segurar a peteca e fazer a coisa durar muitos anos é difícil. Torço para que permaneça. Em Nova York o Blue Note foi inaugurado em 1981 e resiste até hoje. E é dos mais "novinhos" entre os clubs tradicionais de jazz da cidade.
O empresariado da noite no Brasil funciona assim: monta, ganha dinheiro por um tempo e, quando o negócio começa a ficar fraquinho, fecha. Não criamos tradição.
Ontem, ao vencer o Lanús, em Buenos Aires, o Grêmio de Football Portoalegrense levou a Libertadores 2017. Para não sair da proposta do blog, vamos ao hino do Grêmio. O hino do Grêmio de Football Portoalegrense, como muita gente sabe, foi composto pelo mulato gaúcho, frequentador do Mercado Público de Porto Alegre, Lupícínio Rodrigues, conhecido pelas canções de dor de cotovelo. Lupicínio era cobrado por ser gremista, afinal, o Grêmio é considerado elitista, time de "brancos". Em 1907, Lupícínio cria com amigos da "turma dos mulatinhos" o time de futebol Rio Grandense. O Sport Club Internacional que, em tese, é o time de apelo mais popular e da população negra de Porto Alegre, votou contra a inclusão do Rio Grandense na liga de futebol. Dizia Lupícínio que tornou-se gremista em represália à incompreensível negativa colorada. Foi gremista apaixonado até morrer, em 1974. O hino do Grêmio tem o ritmo de uma marselhesa.
O soul do Soweto Gospel Choir, de Joanesburgo, África do Sul, é parecido com o dos corais gospel americanos, mas com a pitada de originalidade africana. Vai aí com Mbube, mundialmente famosa como The Lion Sleeps Tonight. A canção foi criada no início do século XX por um pastor sul-africano chamado Solomon Linda. Nos anos 60, foi sucesso em todo o mundo com o grupo americano The Tokens, em estilo doo wop. O Soweto Gospel Choir a interpreta com a forma original. Este vídeo é de 2011, não tem muita qualidade de resolução de imagem, mas escolhi para postar porque a canção é envolvente. Vale a pena ver. A harmonia e o conjunto das vozes é fantástico.
Enquanto no Brasil governos pseudo liberais trabalham para aniquilar com as emissoras públicas, e Temer está fazendo estragos na EBC, a PBS, Public Broadcasting System, emissora pública americana, produz material que as outras poderosas emissoras privadas nem sonham, como infantis de grande conteúdo, como Sesame Street, e documentários, como este, sobre a Guerra do Vietnã, que estreou em setembro e traz depoimentos de veteranos, jornalistas e testemunhas que viveram o inferno que até hoje assombra a América. Nos Estados Unidos também existem polêmicas e pressões. Trump tentou prejudicar a PBS, cortando verbas. Mas a emissora resiste. E não há por lá o que rola aqui, como cabides de empregos e salariões.
Pode aparecer algum invejoso falando assim: "Ah, mas emissora pública dá traço de audiência". Conversa fiada de fdp. Se o programa é bom, gente inteligente assiste.
A TV Cultura de São Paulo, enfraquecida ano a ano por governos tucanos, produziu programas que marcaram época e que jamais seriam produzidos por Globo, SBT ou qualquer outra mediocridade privada.
A Cultura somente está de pé porque é uma Fundação, a Padre Anchieta, e tem certa autonomia e se vira como pode. Não fosse isso, tucanos já a teriam aniquilado.
Tanksgiving Day Parade 2017, semana passada, em Nova York. Show tradicional das Rockettes, bailarinas do Radio City Music Hall, em frente à loja de departamentos Macy's.
Nota: as Rockettes foram criadas no começo do século XX, após o sucesso das francesas do Moulin Rouge e do Crazy Horse, mas são bem mais recatadas e não possuem nenhum apelo erótico, pelo contrário, o perfil é familiar, quase babaca. Para terem uma ideia, depois desta apresentação no Tanksgiving, tem o show em dezembro com o... Papai Noel.
Nos tempos do Franquismo, na Espanha, o cartunista Carlos Goméz Carrera e o diretor da revista la Traca foram fuzilados por série de piadas contra o franquismo, como esta abaixo, que mostra o ditador Francisco Franco comparado a Hitler. Clique e veja mais.
Muita gente conhece esta canção sem saber as origens da inspiração do compositor Cartola. Cantam-na e sentem-na como algo, em si, romântico, para casais. Ok, funciona, mas não é bem isso. Reparem bem na letra. Trata-se de versos que Cartola construiu para a filha adotiva que resolveu sair de casa. É uma das minhas preferidas do mestre mangueirense. E tem algo especial, consegue fazer com que possamos medir o talento de quem a interpreta. Eu, pelo menos, vejo desta forma. Há milhares de interpretações por aí. Já no primeiro verso, se vejo sensibilidade, voz, etc., vou até o fim. Se não, já descarto logo. E se encontro algo que vale a pena, posto. Vai aí algo que achei muito bem feito.
Pois é, disse o pai esmerado, amoroso e sábio: "preste atenção, amor, o mundo é cruel, é um moinho". Mas parece que a moça foi mesmo assim. Não sei no que deu.
Que lindo isso, gente. Jerry Douglas and The Earls of Leicester, a melhor e mais original banda de música caipira americana DO MUNDO. Apesar do nome "Leicester" lembrar algo britânico, eles são de Nashville mesmo, a capital do country e do bluegrass, no Tennessee. O nome da banda brinca com os nomes de duas das maiores estrelas do gênero, Earl Scruggs (o gênio do banjo, 1924-2012) e Lester Flatt (o cracasso da guitarra, 1914-1979), que mandavam ver na icônica banda Foggy Mountain Boys.
O blugrass é tão contagiante quanto a salsa e o samba.
IIIiiihaaa...
Não sei se exagero ao rotular os Earls of Leicester de "melhor do mundo", afinal, há muitas bandas boas de contry music nos Estados Unidos, mas que eles são originalíssimos, isso eu escrevo e assino sem medo.
Difícil rotular o som da banda paulista Silibrina. Mas é fácil identificar as referências que vêm do Nordeste, como frevo, maracatu e baião. A banda é liderada pelo músico Gabriel Nóbrega, filho do multi instrumentista pernambucano Antonio Nóbrega.
Hoje os Estados Unidos comemoram aquele feriado que só eles entendem a razão, o tal do Tanksgiving Day, um agradecimento a sei lá eu o quê. Mas achei bacana isso. Cento e vinte e cinco cartunistas americanos irão doar suas tirinhas de hoje para as vítimas dos recentes furacões que atacaram os Estados Unidos e Puerto Rico. Participam artistas dos sindicatos da categoria, como King Features, The Washington Post News Service, Andrews McMeel and Creators Syndicate e the National Cartoonists Society Foundation. Leia no The Washington Post. O jornalão da capital americana ainda é o maior e mais tradicional distribuidor e divulgador de tirinhas nos Estados Unidos:
Que lindo isso. Em junho, o Empire State Building dançou ao som da banda Dead & Company enquanto ela tocava ao vivo no City Field. Várias vezes ao mês o Empire State bota pra quebrar um reboleishon-shon legal.
Vale lembrar que no Rio, o Cristo Redentor também ganha iluminações comemorativas, mas por ser uma imagem antes de tudo religiosa, fica quietinho, não dança nem solta a franga.
O menino lituano Simonas Milknius tem apenas onze anos mas é mais do que uma gracinha de prodígio, daqueles tipos que fazem sucesso nas redes sociais. Ele é um concertista completo.
Eita! Bruna Viola venceu o Grammy Latino como a melhor intérprete de músicas de raízes brasileiras. Justo prêmio. Não vejo ninguém melhor no cenário. Em princípio, Bruna é sertaneja. Muita gente pode torcer o nariz. Mas Bruna tem diferenciais de peso que a elevam sobre as duplas de cornos chatos. Além da beleza, é uma instrumentista divina. A viola caipira, nas mãos dela, canta bonito.
Neste vídeo, ela canta Viola Divina, um velho sucesso de uma das duplas mais brilhantes da música caipira, Tião Carreiro e Pardinho.
Tião
Carreiro e Pardinho são bem anteriores ao rótulo de sertanejo das duplas de calça agarrada,
cabelo com gomalina, botinhas de fazer cocô na chuva e pinta de corno
franchona.
Como raiz, a atualmente rotulada "música sertaneja", é a música caipira paulista que surgiu no vórtice das cidades de Sorocaba, Piracicaba e Botucatu no fim do século XIX. Teve entre seus astros, antes de entrar em decadência comercial nos anos 70, duplas como Tonico e Tinoco e os mencionados Tião Carreiro e Pardinho. Hoje, recuperada pelo mercado e com alterações, é interpretada por duplas de cornos vestidos de rancheiros do Texas.
Sexta, 17, estreou na TV italiana a terceira temporada de Gomorra, com mais de um milhão de espectadores, audiência espetacular para a Sky europeia, emissora paga.
A série sempre foi muito criticada, assim como é perseguido o autor da ideia principal, o escritor Roberto Saviano. O italiano comum e o napolitano comum não gostam de enfrentar de cara um dos piores fantasmas da sociedade italiana, a cultura mafiosa. A série é acusada de fazer apologia do crime organizado e de valorizar o lado ruim da cidade de Nápoles. Mas a audiência é grande. Falam mal mas assistem. E a série é muito bem produzida em todos os aspectos. De perfil noir, onde o bandido é o protagonista, Gomorra mostra a violência de forma realista e chocante, diferente da violência das séries americanas, geralmente caricata. E isso é uma inovação e um dos pontos mais "atrativos". Enfim, resta a pergunta: mostrar a violência dos clãs da Camorra é apenas valorizar o crime organizado ou é, sobretudo, uma denúncia? É esta a polêmica que resiste no pano de fundo que movimenta a imprensa e as redes sociais quando comentam a série.
Gomorra 3. Trailer. Com o assassinato de Don Pietro Savastano, Genny Savastano e Malammore vão em busca da vingança e da hegemonia do comando de Scampia, o subúrbio boca quente de Nápoles.
Morre em Parma, aos 87 anos, Salvatore "Totò" Riina, um dos mais agressivos chefes da Cosa Nostra. Entre muitos atos de uma biografia sangrenta, Riina ficou mundialmente marcado por ter comandado os "stragi" (ataques) do início dos anos 90, que acabaram por vitimar dois magistrados, Giovanni Falcone e Paolo Borselino. Não agiu sozinho e caiu a casa de um time inteiro da máfia siciliana. O preço foi caro, a prisão perpétua. Levando à frente o cinismo, aspecto comum e tradicional entre mafiosos, Riina alegava inocência. Dizia "eu não fiz nada, foram eles que mataram", tentando apontar alguma culpa a políticos e ao poder. Sempre ficou a forte impressão de que não mentia sobre políticos e que, enfim, havia cumprido determinações em sociedade com algo mais sinistro. Seria preciso, no entanto, chegar a algum nome ou sistema. Mas ele nunca confessou nem entrou para programas de arrependidos, os chamados "pentiti", gente que denuncia os parceiros de crime organizado em busca de algum benefício legal e que acaba maldita e ameaçada dentro da organização.
Neste clipe, a argelina Aynine canta um polêmico rap, ou algo parecido, falando sobre Riina. Em francês, idioma distante do dialeto de Corleone, a terra de Riina.
Esse papo de máfia é muito maroto para um blog com linha cultural. Vivo me autocensurando. Às vezes posto e deleto. Mas gosto e sempre pesquiso. Modéstia à parte, conheço o assunto.
Que lindo isso. É de 2015 mas está da hora. Sempre esclareço que não tenho compromisso, em tese e em princípio, com novidades. Com foco preponderante na linha do blog para a MPB, vou na qualidade. Do material, do conteúdo, do áudio e da imagem. O clipe da canção Abre a Janela veio para divulgar o CD e o show do cantor cearense Zé Guilherme com sucessos de Orlando Silva (1915-1978), o "cantor das multidões", grande estrela dos tempos do rádio. O samba Abre a Janela tem a autoria de Roberto Roberti e Arlindo Marques e foi gravado originalmente em 1937.
Filme sobre a poesia simples e tocante da goiana Cora Coralina (1889-1995) estreia em dezembro. Mescla estilo documental com teatralizações e traz atores recitando as poesias. A direção é de Renato Barbieri.
Pois bem, da mesma forma que faço pela Portela, também dou atenção ao samba da Vai-Vai, de São Paulo. Não tenho predileção por sambas-enredo, apenas verifico se há algo realmente bonito no cenário geral, o que é raro, e confiro a Portela e a Vai-Vai. Em 2018, a Vai-Vai homenageia Gilberto Gil. A harmonia do samba é diferente, mais delicada. Não é nenhuma maravilha, mas é Vai-Vai, a "saracura" do Bexiga, e pronto, é o que basta. Se Gilberto Gil gostou, quem sou eu para torcer o nariz. A interpretação que vai aí é da excelente Grazzi Brasil, dona oficial da bola em 2018 na Vai-Vai.
Naquela passada de rapa geral que eu dou todo ano nos sambas-enredo, foco em dois aspectos: os que, de alguma forma, saem do lugar comum, como temas de divindades africanas e indígenas (nada contra, só acho batido) e o samba do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Mesmo que seja ruim, o samba da Portela merece a minha atenção porque, enfim, eu tenho simpatia pela escola e acabou. Este samba para o ano que vem fala dos imigrantes nordestinos. O tema sai do clichê e do mais do mesmo, embora não seja nenhuma maravilha. Mas é a Portela e é melhor respeitar.
O conhecido programa de rádio de Nápoles, La Radiazza, lançou concurso para a construção de uma estátua do ator Bud Spencer (1929-2016), que será instalada no lungomare (orla) e com vista para o vulcão Vesúvio. Bud Spencer, cujo nome real era Carlo Pedersoli, sempre divulgou seu orgulho por ser napolitano. Ele dizia: "sono napoletano prima che italiano" (sou napolitano antes de italiano). Este vídeo recente feito como homenagem pelo pessoal do Radiazza é interessante porque mistura cenas recentemente filmadas com imagens originais de Spencer.
Que lindo isso. É como se Ary Barroso encontrasse com Django Reinhardt. O grupo inglês Jonny Hepbir Trio executa Aquarela do Brasil. Só a melodia, que é o que vale em Aquarela. Maravilha.
O compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, nasceu em Ubá, Minas Gerais, em 7 de novembro de 1903, e faleceu em 9 de fevereiro de 1964, no Rio, onde havia se estabelecido como jornalista, radialista e compositor.
Notinhas:
Ary é, até hoje, o mais internacional compositor popular brasileiro. Depois que Aquarela do Brasil entrou para a trilha sonora da animação Saludos Amigos, Disney de 1942, Ary ganhou o mundo. A letra é kitsh. Há palavras nada usuais como "inzoneiro", e expressões forçadas como "coqueiro que dá coco" e "congo no congado". Mas a melodia é simples e bonita.
E há composições que não atravessaram as fronteiras mas são tão fantásticas quanto Aquarela. E com letras melhores. No Rancho Fundo, Isto Aqui É O Que É, La Vem a Baiana, Sandália de Prata, Na Baixa do Sapateiro, Risque, Camisa Amarela, e etc. e etc.
O cenário venezuelano comprova como é difícil fazer políticas de esquerda de forma democrática. Governo de aparente boa-fé com o povo tem de enfrentar opositores que dominam a economia do país, promovem boicotes e recebem incentivos dos Estados Unidos, o grande irmão que está sempre de olho no ouro negro do Caribe. Aos olhos de um estrangeiro, como eu, com informações limitadas, o governo também tem o seu lado suspeito. A Venezuela tem petróleo para deixar Caracas com os mesmos padrões de desenvolvimento de Riade ou Dubai, ou até mais, mas por qual ralo o poderoso dinheiro escoa é um mistério. Esta série de fotos, que mostra o avanço dos jogos de azar, como jogo do bicho ou turfe, é trabalho do premiado fotógrafo brasileiro Ricardo Moraes para a Reuters.
Garotinha em frente a casa de apostas em Los Animalitos, subúrbio de Caracas.
A menininha russa chamada Alina bombou na web com o vídeo onde chora porque os amigos que prometeram ir ao aniversário dela deram balão (não foram). Coitadinha da Alina. Ela é bem graciosa.
A comemoração dos 100 anos da revolução bolchevique, na Rússia, que ocorreu neste começo de novembro, não teve muita aceitação. Putin não dá muita bola para a coisa e as novas gerações da população russa menos ainda. A saudade da União Soviética fica para os mais velhos. Esta comemoração, inserida no evento chamado Festival of Lights, foi curiosa por iluminar exatamente o maior símbolo do czarismo, o Palácio de Inverno, construído por Pedro, o Grande (1672-1725). O edifício serviu de morada dos czares até a queda de Nicolau II (Romanov), em 1917.
A grande data nacional russa é o Dia da Vitória, que ocorre em maio, quando é comemorada a vitória sobre a Alemanha nazista. Neste dia, o Kremlim exibe seu poder na rua, com exército e armas desfilando. Os cem anos da revolução comunista viraram pó. Mas convém destacar que sem a figura despótica do líder comunista Josef Stalin a Rússia não ganharia nada. A presença carismática e as estratégias dele foram preponderantes.
Vale sempre lembrar que São Petersburgo era a charmosa capital czarista e centro de luz de todo o fantástico fenômeno cultural e artístico do século XIX, na literatura e na música. Era ali que viviam Dostoiésky, Tchekov, Tchaikovsky e etc.
E, se, por um lado, o comunismo matou as riquíssimas expressões artísticas, por outro, levou a Rússia a construir um império cuja riqueza o país aproveita até hoje. Houve tempos duros, guerra e perseguições que os mais jovens não viveram. Apenas se aproveitam do sangue do passado.
Kari Traa é uma ex-atleta norueguesa que, depois de encerrar a carreira, abriu um brechó. Eheheh. Não é bem assim, ela inaugurou uma marca de artigos esportivos para mulheres.
Inaugurado em 1912, no último dia 27 de outubro o famoso teleférico do Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, completou 105 anos. Como o Cristo Redentor, o "Sugar Loaf" também é um símbolo da cidade e do país. O Rio passa por momentos difíceis e seus símbolos são a força da natureza que não deixam que ninguém esqueça que a beleza da cidade ainda está lá, insuperável, indestrutível. Basta olhar para cima ou para o horizonte. A trilha deste vídeo é uma versão instrumental de Aquele Abraço, de Gilberto Gil. Os tempos são tão bicudos que mesmo a canção anda contestada.
Notinhas:
A empresa que gerencia o funcionamento do teleférico tem o nome de Caminho Aéreo Pão de Açúcar.
O Pão de Açúcar, com seus 396 metros de altura acima do nível do mar, não é uma montanha, mas uma gigantesca pedra de granito. O seu vizinho Morro da Urca, com 220 metros, também.
Neste começo de mês de novembro, as cidades de Moscou e São Petersburgo, Rússia, foram premiadas com a presença do Quarteto Bip-Bip, do bar do mesmo nome, rua Almirante Gonçalves, Copacabana, Rio. O Bip-Bip, do Alfredinho, é um dos mais tradicionais e originais pontos de boemia e samba do Rio. Resiste bravamente à decadência de Copacabana e ao clima de falta de segurança que ronda a cidade ex-maravilhosa.
Vídeo da apresentação em Moscou. A imagem está meio escura mas dá para fazer o registro e ter uma noção do que rolou.
Entre a geração mais atual, está meio difícil encontrar bons intérpretes, que possuam voz e postura com personalidade. Vi isso em Paula Cavalciuk, cantora paulista de Sorocaba. Este clipe, que fala da puberdade feminina, tem animação de Daniel Bruson.
Acontece durante este fim de semana, em Salvador, Bahia, o Percpan (Panorama Percussivo Mundial 2017). Salvador é mais do que apropriada para sediar o Percpan. Salvador é a mais percussiva capital brasileira. O evento terá uma participação internacional especial, a cantora cubana Omara Portuondo.
Que lindo isso. É coisa que não vemos facilmente nas redes sociais, as famigeradas. É preciso sair um pouco. Enfim, o instrumentista carioca Paulo Porto Alegre dá o tom do violão brasileiro, o instrumento que já teve Baden Powell, Paulinho Nogueira, Rafael Rabello e outros, muitos outros.
E sobre Laurindo Almeida, o autor desta melodia, vale lembrar rapidamente que nasceu na cidade paulista de Miracatu em setembro de 1917. Foi para os Estados Unidos no fim da década de 1940 e nunca mais voltou ao Brasil como artista. Morreu em 1995, em Los Angeles, depois de gloriosa carreira, onde articulou-se com os melhores nomes do jazz. Laurindo, pouco conhecido pela plebe ignara brasileira, faturou cinco Grammys e é o único brasileiro a vencer um Oscar. Pois é, poucos sabem disso, mas Laurindo ganhou um Oscar pela trilha sonora de um desenho animado chamado The Magic Pear Tree, em 1968.
O centenário de Laurindo passou quase em branco.
Há até quem diga que devido o sabor que ele deu ao violão, mesclando o jazz ao balanço brasileiro, ele é o real criador da bossa nova. Mas há controvérsias.
"Lórindou Alméda", como era chamado lá nos Istadusunidos.
Morreu ontem, em Montevidéu, aos 78, o compositor uruguaio Daniel Viglietti. Por sua biografia de enfrentamento à ditadura uruguaia e pela poesia libertária, Viglietti era admirado pelas esquerdas da América Latina.
Como faço sempre, nos últimos meses do ano dou uma espiadinha nos sambas-enredo do ano seguinte. Mais do mesmo, com letras falando sobre divindades africanas e indígenas, eu já coloco de lado. Acho os sambas com estes temas muito chatos e batidos. Infelizmente eles são a maioria. Há quase uma tradição. Faço o registro de um ou dois que me pareçam mais simpáticos dentro de um universo cansativo. Gosto do conjunto de percussão. É o que vale nas escolas de samba. Mas letras e melodias verdadeiramente bonitas e originais são raríssimas em toda a história dos desfiles de carnaval. Este meu entendimento contraria os apaixonados, mas não faço média. Este samba da Grande Rio para 2018 vem com o tema que homenageará na avenida o apresentador de TV Abelardo Barbosa, o "Chacrinha". Não é grande coisa, mas pelo menos é diferente.
Evidentemente que para brasileiros Chacrinha dispensa comentários, mas sempre esclareço um pouquinho mais certas questões para potenciais leitores não brasileiros. Abelardo Barbosa, o "Chacrinha", nasceu no Recife em 30 de setembro de 1917. Teria feito cem anos. Faleceu no Rio de Janeiro em 1988. O estilo debochado fez sucesso primeiramente no rádio, nos anos 50, e daí foi para a TV. Chacrinha apresentava os programas vestido de fraque colorido e utilizava uma buzina para despachar maus calouros. Cunhou frases que ficaram famosas, como "Terezinhaaaa, ú úúú" e "vocês querem bacalhauuu".
Nesta semana que passou, o deputado Carlos Marun (PMDB/MS), para comemorar a escrota vitória que a Câmara Federal deu a Michel Temer por decidir pela não investigação de casos de corrupção, surgiu nas redes sociais dançando e cantarolando uma paródia bunda mole e mal feita de Tudo Está No Seu Lugar, uma antiga canção do compositor Benito di Paula. A reação foi imediata. Benito ficou furioso e também postou um vídeo nas famigeradas esculhambando Marun.
O samba gostoso de Benito é rotulado como "samba jóia" por utilizar piano e arranjos românticos. Benito iniciou sua vitoriosa carreira de grandes sucessos no começo dos anos 70.
O que é um "baioca"? Baioca é aquele que tem a mistura do baiano e do carioca. O bloco Tambores do Olokun lembra, no som, os baianos do Olodum, mas são do Rio e atuam no Parque do Flamengo. Não possuem as cores da Jamaica, como os baianos, e botam um pessoalzinho pra chacoalhar o pandeiro. Tem morena bonita e até homem de saia.
Esta semana o Olokun causou chiadeira entre os protetores de gatos do Parque do Flamengo. O som está "estressando" os bichanos. Ehehehe.
Eu sou pauloca, meio paulista, meio carioca.
Ok, eu dou uma zoada, mas acho bacana o Tambores do Olokum.
Este post faz duas grandes referências. A primeira é sobre a qualidade dos artistas da Mills Records. E a segunda é para o humor do sambista e forrozeiro paraibano Chico Salles. Vejam aí o samba que traz a história do infeliz e mal casado Zebedeu. "Cala a Boca Zebedeu" foi composta pelo sambista capixaba Sérgio Sampaio (1947-1994).
Esta animação tem a ver com humor, liberdade de escolha sem patrulhas e sexualidade ao mostrar a garota que vai à biblioteca e sente-se atraída por um livro de práticas sadomasoquistas. Em vista disso, o tema abre a possibilidade de polêmicas, afinal, devido a visão feminista e politicamente correta, alguns podem não concordar com a postura. Experimente.
Ok, isso não é engraçado, mas é bacana. Enquanto o Brasil se choca com a tragédia de Goiânia, do garoto que assassinou colegas por ocorrência de bulliyng, neste outro caso, alunos de uma escola da Zona Leste de São Paulo presenteiam o colega deficiente com uma luva de goleiro. Ele gosta de jogar futebol como goleiro, mas é pobre, não tem luvas e usava luvas de limpeza. E mais, o goleiro Cássio, do Sport Clube Corínthians, vai dar uma luva a ele. Legal, hein?
Lakota in America é o interessante filme que fala do cotidiano pobre da jovem e bonita dançarina da tribo Lakota, Genevieve Iron Lightning (raio de ferro). A comunidade indígena dos Estados Unidos foi bastante massacrada durante a chamada "corrida do ouro" e durante o avanço da cultura branca do leste para o meio oeste e oeste, em meados e fins do Século XIX. Até hoje não conseguiu padrão adequado de cidadania. É preconceituada e isolada. Genevieve Iron Lightning vive na reserva Cheyenne River, em South Dakota.
Só lembrando aqui: a tribo Lakota foi a que liderou a batalha de Little Big Horn, em 1876, que dizimou a cavalaria do General Custer. O chefe era Sitting Bull (Touro Sentado).
Olhaí, mano. O cara é internacional, meu. João da Nica é o motoboy campineiro que teve uma ideia original: resolveu fazer vídeos zoando com a ostentação, gravando cenas na Estátua da Liberdade de Hortolândia pra dizer que está em Nova York, ou na Pedreira do Jardim Garcia pra dizer que está no Grand Canyon. Cara de pau e engraçado, o João da Nica acabou dando certo e seus vídeos alcançaram grande número de acessos. Um detalhe bacana: o João da Nica é da minha Campinas. Saca aí o sotacão do Nica em Noviórki.
A Marileide é faxineira da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), em Maceió, e gosta de cantar suas próprias composições enquanto trabalha. Alguns alunos perceberam, gravaram, postaram na internet e o bicho pegou. Não Lave a Roupa é uma canção que fala da mulher que se recusa a lavar a roupa da... amante do marido. Eita, Marileide!
O filme Tropa de Elite, direção de José Padilha, completou dez anos. Um marco e um novo clássico do cinema brasileiro. Frases do filme ditas pelo personagem Capitão Nascimento, como "o senhor é um fanfarrão", "ninguém sobe, ninguém sobe", "você não é caveira, você é muleke", "pede pra sair" e outras, acabaram inseridas no cotidiano popular. Vai aí a trilha musical. Funk nunca foi muito atrativo para mim, mas quando agregado a um grande filme, pode ser interessante. Neste caso, é. Com o sucesso do filme, a dupla Cidinho e Doca, de Cidade de Deus, Jacarepaguá, alcançou notoriedade internacional.
A gatona latina Jennifer Lopez lacrou no show At One Voice, apresentado por Ellen DeGeneres, no último sábado, em Los Angeles. A intenção era arrecadar fundos para o auxílio às vítimas das recentes tragédias do México, Porto Rico e Estados Unidos.
Trump, em visita recente a Puerto Rico, fez cena que beirou o cinismo patético ao lançar pacotes de toalhas de papel. No show de sábado, J Lo, de origem porto-riquenha, não deixou de alfinetar: "há danos que não podem ser limpos com toalhas de papel".
Anunciada ontem a retomada total da cidade síria de Raqqa. Em vista disso, lembrei do site Raqqa is Being Slaughtered Silently (Raqqa está sendo assolada silenciosamente), que é feito por estudantes desde que o EI tomou conta da cidade e a fez QG. O EI, ou ISIS, tomou completamente a cidade síria em 2014, cerceou qualquer forma de comunicação com o mundo e promoveu todo tipo de massacre. Os estudantes do RBSS arriscaram suas vidas para postar informações, filmando e levando ao mundo as barbaridades. Alguns deles estão na Alemanha, de onde a página é alimentada. Penso que, apesar da cidade de origem dos colaboradores estar livre, pelo menos segundo o anunciado, o trabalho ainda não acabou. Ainda há focos do EI em todo o Iraque e Síria.
Uma data importante. Em 2012 a Presidente eleita Dilma Roussef determinou que na data de nascimento da compositora Chiquinha Gonzaga (1847-1935) fosse comemorado o Dia da Música Popular Brasileira. Chiquinha foi um marco como musicista de choro e como mulher. Deixou melodias que vão cortar o tempo para sempre, como Corta Jaca, Gaúcho e Atraente.
A pianista de Campinas, Priscila Matos, dedica quase toda sua atuação à Chiquinha. Vale ouvir. A polca Atraente.
Eitcha! Isso não é forró pé de serra, é forró pé de cana. Forró raiz de mandioca brava. Assisão é um grande valor da música e do balanço do Nordeste. Ok, na verdade isso é um xaxado, mas, atualmente, tudo cai no rótulo genérico de forró. Este clipe traz de lambuja o grupo Xaxado Cabras de Lampião.
Para leitores não brasileiros que não sabem, vai a explicação. O capitão Virgulino Ferreira da Silva conhecido como Lampião, era chefe do bando de salteadores, também chamados "cangaceiros", que assombrava o sertão do norte da Bahia e fundos dos Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe nos anos 1920 e 30. Agressivo, misto de herói e bandido, Lampião tornou-se mito. Foi arrasado pela volante do tenente João Bezerra, na localidade de Angicos, Sergipe, em julho de 1938.
Trabalho ousado de Alexandr Petrov ao transpor a narrativa intimista e cheia de conflitos de Dostoiévsky para uma animação. O conto O Sonho de Um Homem Ridículo foi escrito em 1877, durante a guerra entre a Rússia e a Turquia.
A Las Vegas do litoral de New Jersey, que já teve cassinos com investimentos do hoje presidente Donald. J. Trump e milionárias lutas de Mike Tyson, sofre processo de abandono. Galeria Alexander Belenky, no Livejournal.
Descobri isso e posto. Já tem alguns anos, mas vi agora e está valendo. Não os conheço, embora o nome de família seja o mesmo. O grupo é formado por Franco Mantovanelli e filhos. São de Caserta, na região de Nápoles. A música deste clipe é Wave, do brasileiro Antonio Carlos Jobim, o que os deixa ainda mais próximos de mim.
Acho que vale um esclarecimento: Franco e família vivem em Caserta, cidade próxima de Nápoles, região da Campânia, mas o nome Mantovanelli tem origem na região Vêneto, terra de meus ascendentes que vieram para o Brasil.