Polônia concorrerá ao Oscar com Afterimage, de Andrzej Wajda.

     O cineasta polonês Andrzej Wajda, aos 90 anos, concorrerá novamente ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Já foi indicado outras vezes mas nunca ganhou diretamente com algum trabalho específico, embora tenha ganhado prêmio honorário em 2000. Afterimage traz a vida do pintor polonês Wladyslaw Strzeminski, que ousou rebelar-se contra o governo comunista do pós-guerra. 




A flauta do garoto Rafael Beck.

     Admirador de instrumentistas já falecidos e geniais, é difícil para mim pesquisar e encontrar nomes à altura que preencham a lacuna deixada. Ninguém substitui ninguém mas novos talentos precisam surgir, cada um com as suas características. No caso da flauta, o falecimento de Altamiro Carrilho me deixou, eu não diria viúva porque fica chato, rsrs, mas órfão. E passeando pelo Youtube, encontrei este menino, já pronto como músico, cheio de personalidade ao criar inovações e improvisos, e que tem tudo para desenvolver cada vez mais a técnica. A melodia de Aeroporto do Galeão é de Altamiro. 

 

História. Massacre de Babi Yar.

     Em 29 e 30 de setembro de 1941, os nazistas levaram mais de 30 mil pessoas à ravina de Babi Yar, em Kiev, na Ucrânia ocupada, e executaram. Calcula-se que os nazistas tenham assassinado, apenas em Kiev, entre 100 e 150 mil pessoas, entre judeus e indesejados em geral. Este clipe com música e produção de Cecelia Margules mostra o local hoje.

 

     Modernamente há muitas controvérsias e teorias negacionistas sobre o Holocausto. O massacre da ravina de Babi Yar, que faz parte do "conjunto da obra" nazista, também é bastante contestado. Conta-se que não restaram corpos. Os nazistas queimaram tudo. Seria possível? Fato é que os nazistas sempre possuíram postura de aniquilação. Quanto a isso, há provas fartas. Hitler berrava publicamente em seus discursos a opinião que tinha sobre os judeus. Enfim, não sou historiador e, seja pelo que for, o clipe e a música são bonitos. E fico por aí.

Curta documentário. Tashi e o Monge.

     Em um orfanato do Himalaya, o monge budista Lobsang Phuntsok, ele também abandonado na infância, ensina os caminhos da vida para a pequena rebelde Tashi e outras 85 crianças. Filme cortante e emocionante. Premiado em vários festivais desde 2014, ganhou também o Emmy de curta documentário em 2016. Direção Andrew Hinton e Johnny Burke. Legendas em inglês. 

 

     Em casos como este, sempre é preciso cuidado para julgar, notando possíveis mistificações. Mas tudo me pareceu bastante honesto e de uma boa-fé profunda. Cuidar de crianças carentes é uma das mais difíceis missões que uma pessoa pode abraçar.

Jhamtse Gatsal website.

Portela.

     O assassinato, ontem, do presidente da Portela, nos faz questionar por que, afinal, as administrações das escolas de samba se envolvem com o submundo. Ainda não está esclarecida a razão do fato, mas vamos imaginar o quê, né? Existe uma tradição de envolvimento das administrações com tráfico, milícias e jogo do bicho. Obviamente que os apaixonados que desfilam todo ano e as centenas de milhares de torcedores e simpatizantes estão completamente alheios a este submundo.




G1: Marcos Falcon, presidente da Portela, é velado na quadra da escola no Rio

Regional Choro No Mo-Li. Noites Cariocas.

     Fantástico isso. Os japoneses são incríveis quando querem absorver algum ritmo estrangeiro. São assim com os ritmos latinos do Caribe e também com o choro e o samba. O Choro No Mo-Li, de Tóquio, manda de forma irretocável o clássico de Jacob do Bandolim, Noites Cariocas. O choro não é um gênero fácil até mesmo para instrumentistas brasileiros, mas o Choro No Mo-Li faz tudo certinho. O vídeo não é novo, foi gravado em 2010, mas está pra lá de válido. Vale a pena conhecer. 

 

Corina Magalhães indicada ao Grammy Latino.

     A canção de Ary Barroso, Camisa Amarela, faz parte do álbum Tem Mineira no Samba, que foi indicado ao Grammy como melhor álbum de samba. Ary compôs o samba Camisa Amarela no final da década de 30. O grupo todo é muito bom e o arranjo, recheado de improvisos, é inovador para a canção. 




Latin Grammy nomenees


Grupo Herencia de Timbiquí, Colômbia.

     Pesquisar e descobrir coisas novas é sempre um prazer. O som desta banda colombiana é excelente. O tema e as imagens do clipe da canção Te Invito carregam suave poesia social. 

 

Enrique Llopis.

     Tomei conhecimento através do Centro Cultural Roberto Fontanarossa, de Rosário, Argentina, onde ele fará um show hoje, e gostei. O cantor popular e folclorista argentino Enrique Llopis nasceu em Rosário mas vive em Buenos Aires.




Website Enrique Llopis.

     Roberto Fontanarossa (1945-2007) é um cartunista argentino cult para mim, escritor de saborosos contos sobre futebol e criador dos personagens Don Inodoro Pereira e sua cachorrinha Mendieta. Também rosarino, como Llopis, e torcedor fanático do Rosario Central, nunca saiu de Rosário, embora fosse conhecido em toda a América Latina. Em sua cidade há um centro cultural que leva seu nome.

Aliás, só lembrando: outro rosarino ilustre, só que mais chato e burro, é o jogador Lionel Messi.

Ok, mais um: Ernesto "Che" Guevara.

André Ribeiro e Conjunto. Maxixe do Galo.

     O maxixe é o ritmo que teve seu início quase contemporaneamente ao choro, na virada dos séculos XIX e XX. Hoje em dia, de forma geral, fundiu-se com ele e é executado por músicos comuns. Quem executa choro, executa maxixe e vice-versa, embora convenha ressaltar que o choro é o dominante como nomenclatura. Muitas vezes ouvimos maxixes, polcas, etc., chamados de "choro". Houve uma fusão generalista. E neste vídeo de André Ribeiro há um diferencial fantástico que eu notei: a sonoridade. Ribeiro, neste clipe, ao menos, chega perto de Jacob do Bandolim em todos os sentidos, seja na simplicidade, sem as atuais e comuns exibições estéreis de virtuosismo que esculhambam com a melodia, e seja, especialmente, na limpidez das notas. O bandolim de Ribeiro soa "quase" como o de Jacob. E afirmar que Ribeiro é quase Jacob, pelo menos neste clipe, é muita coisa, um elogio ousado, mas o faço tranquilo, com a certeza de que não cometo exageros. 

 

     Os instrumentos de Jacob eram feitos sob encomenda, em luthiers escolhidos à dedo:

Instituto Jacob do Bandolim e os instrumentos de Jacob.

Rodrigo José. Desapareça.

     Rodrigo José é um novo talento do brega. É de Americana, SP. Ídolo em ascensão, Rodrigo não pode ser rotulado apenas como brega, já que faz uma interessante mistura com o rock'n'roll e o humor. Enfim, quando surge um grande talento em um gênero mal amado e desgastado como o brega, sempre é bom compartilhar. E, claro, a canção DESAPAREÇA é uma retomada bacana dos velhos valores masculinos. Afinal, chega de frescura.




Website do Rodrigo José

Detalhe curioso: a bicicleta é um projeto tecnológico dos amigos do Rodrigo José. 

Alana Moraes e Borghettinho. Negrinho do Pastoreio.

     Não dá para deixar de divulgar. Alana Moraes e seus convidados na série Respiração. Estou sempre de olho e quando surge novidade, trago pra cá. Este clipe vem com Renato Borghetti. Negrinho do Pastoreio é uma canção do folclorista e escritor gaúcho Barbosa Lessa (1929-2002). Quem não é brasileiro poderá perguntar: mas onde está o samba? Ok, não há samba. A canção vem da cultura gaúcha, do Rio Grande do Sul, onde o Brasil se aproxima da Argentina e do Uruguai. Nem só de samba vive a música brasileira




A beleza autêntica das mulheres das FARC.

     Com o anúncio do fim dos conflitos entre guerrilheiros e governo da Colômbia, o fotojornalista Fernando Vergara retratou algumas das garotas que pertencem ou pertenceram às FARC (Fuerzas Armadas Revolucionárias de Colombia) em trajes de guerrilha e em trajes civis. Publicação AP Images.


Carolina, 18 anos, passou três anos nas FARC em Putumayo. Que pitéuzinho, hein?

Sarah Vaughan International Jazz Vocal Competition.

     Muito interessante. A iniciativa parte do NJPAC  (New Jersey Performing Arts Center) e é válida para cantoras de todas as nacionalidades. O resultado será anunciado em 21 de novembro. Vou acompanhar e verificar quem será a vencedora.



Vídeo recente com Bela Fleck.

     Bela Fleck é um instrumentista que leva o banjo para além do som caipira, do chamado bluegrass. Ele também faz som caipira, mas passeia ainda pelo jazz e até clássicos. É um músico completo que amplia o foco de um instrumento que, aparentemente, tem utilização restrita. Divulgo porque ele é naturalmente bastante conhecido nos Estados Unidos mas quase nada no Brasil.




Bela Fleck official website. 16 Time Grammy Award Winning Banjoist

Curta. I'm Not From Here (Eu não sou daqui).

     Este curta metragem dirigido por Maite Alberdi e Giedre Zickyte é de 2015 e foi divulgado ontem pelo New York Times. A intenção dos produtores do filme era retratar o mal de Alzheimer associado aos processos de imigração e mostra a vida de uma velhinha de 91 anos chamada Josebe em uma casa de repouso do Chile. Ela não se julga espanhola, mas "do País Basco". O filme tem momentos de silêncio mas em nenhum ponto ele aborrece. Ao contrário. O drama humano atrai. O fato de Josebe ser ranzinza e tratar mal seus companheiros de asilo dá ao filme um clima ao mesmo tempo belo, triste e cômico. Nota-se que nem o mal de Alzheimer retira de Josebe o conhecido e tradicional orgulho basco.


Los Hacheros.

     Radicados no Brooklyn, Nova York, o grupo Los Hacheros corre o mundo divulgando a música latina. Gostei do som deles. O som latino de Nova York é quase uma terceira via. Tem suas bases no folclore que vem de Puerto Rico ou Cuba, e vem com salsa, bomba, guaracha, etc., mas tem algo de próprio. 




Los Acheros site oficial

Fotos. Washington Post. Native Americans.

     Gosto do tema e sempre trago para cá o que encontro por aí e acho relevante. A série de fotos é da fotógrafa Carlotta Cardana para o projeto The Red Road Project, que registra a identidade de povos como Lakota, Hualapai e Sioux. 

   Sage Honga, garota da tribo Hulalapai (foto Carlotta Cardana).

     Sempre lembrando: Lakota era a tribo do chefe Crazy Horse, "Cavalo Louco" (1849-1877), que liderou a batalha de Littlebighorn contra o General Custer.

Sully. Trailer legendado.

     Estreou esta semana nos Estados Unidos e estreará em dezembro no Brasil. Tom Hanks é o comandante Chelsey "Sully" Sullenberger, que pousou o A.320 no rio Hudson em 2009. Apesar de considerado herói, acabou pressionado pelo sistema. Direção do mestre Clint Eastwood.




     A interessante trilha sonora instrumental é de Tierney Sutton :



Trailer. Nagasaki: Memories of My Son. O Japão escolhe o seu representante no Oscar.

     O Japão escolhe o filme Nagasaki: Memories of My Son, de Yoji Yamada, para concorrer ao Oscar pelo quesito melhor filme de língua estrangeira. Kobuko, dona de casa de meia idade, recebe a visita do espírito de seu filho Koji, morto aos três anos pela bomba atômica, e fantasia poeticamente tudo que teria para viver ao lado do filho e não viveu.



Los del Rio e Gente de Zona. Más Macarena.

A dupla espanhola Los del Rio, que emplacou o sucesso mundial dos anos 90, Macarena, foi a Havana e gravou este clipe movimentado com o grupo cubano Gente de Zona. Balanço legal com sabor latino. AAaaaai...!



Fotojornalismo. Prêmio Magnum.

     Fotojornalismo. As revistas LensCulture e Magnum anunciam os vencedores do prêmio Magnum 2016. Destaque para o trabalho do brasileiro Maurício Lima, feito na Grécia em 2015.



Samba concorrente Mangueira 2017.

     No carnaval das escolas, eu aprecio o conjunto da percussão, mas escolher um samba simpático é tarefa árdua. A grande maioria é cheio de clichês e as melodias são quase todas iguais. Raramente surge alguma melodia diferenciada ou perceptível. Mas este, da Mangueira, autoria de Tantinho da Mangueira, parece que vai dar pé. O estribilho tem pegada. Participação da cantora Joyce Cândido.

Quem mandou duvidar, quem mandou duvidar
O santo é forte, ninguém vai me derrubar
Quem mandou duvidar, quem mandou duvidar
Chegou Mangueira, é melhor se segurar.



    Pois é, vamos ver se o santo ajuda mesmo. 

Cenas do Brasil. Praia do Maguari, rio Tapajós. O mar no meio da selva.

     Parece mar, mas não é. Estamos no rio Tapajós, mais ou menos na altura de Santarém, Estado do Pará, onde o Tapajós desemboca no Amazonas. Daí para chegarmos ao começo do estuário do Amazonas com o Oceano Atlântico, em Macapá, faltam mais de 500 Km. Toda a região de Santarém possui um fenômeno bonito, que é o encontro das águas do Tapajós (água marrom e barrenta), com as águas do Amazonas (azul escura). Não sei quem fez este vídeo. Não fui eu, infelizmente.




Hoje, de Taiguara, tema de Aquarius.

     Eu sempre achei que o lirismo rasgado do compositor Taiguara (1945-1996) cairia muito bem no cinema, mas passaram mais de quarenta anos para que ele surgisse com toda a classe em um filme relevante. Ele está na trilha de Aquarius, o polêmico filme que representou o Brasil em Cannes. Sucesso do fim da década de 60 e começo da de 70 mas com postura de esquerda declarada, Taiguara foi o mais censurado compositor brasileiro dos chamados anos de chumbo da ditadura militar. Precisou sair do Brasil. Viveu na Inglaterra, Espanha, França e Tanzânia, para voltar ao Brasil em meados da década de 80, mas sem conseguir o mesmo destaque. Com lindas canções como Hoje, que está no filme, e Universo do Teu Corpo, ambas dos tempos de brilho, Taiguara embalou o romance de muita gente da geração ditadura. Precisa ser resgatado para os jovens que não o conhecem por inteiro e apresentado para os estrangeiros. Taiguara é sublime.

Hoje, homens de aço esperam da ciência
eu desespero e abraço a tua ausência (Taiguara). 



Universo do Teu Corpo.



Quinta Kalavera. El Cuarto de Tula

     Nada melhor do que começar a semana com música cubana. O grupo Quinta Kalavera é mexicano mas, em visita a Havana, resolveu brincar na rua. A canção El Cuarto de Tula, autoria de Sergio Gonzáles Siaba, ficou mais conhecida depois que apareceu no filme Buena Vista Social Club.


Bossa Nova Sinfônico em Havana.

     Trago do Youtube um trecho do show idealizado pela Toca Events no Teatro Nacional de Cuba, em Havana, dia 4 de junho. Canções de Tom Jobim e Vinícius de Moraes interpretadas pela cantora carioca Rose Max acompanhada pela Cuba’s National Symphony Orchestra. Neste vídeo, Água de Beber.




Trailer. Rondon, o Desbravador

     Estreou esta semana no Brasil o filme que revela a biografia do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), ou simplesmente Marechal Rondon, o militar brasileiro que notabilizou-se na história por ter organizado expedições oficiais à selva amazônica, promovendo a integração nacional de forma pacífica. Deve valer a pena assistir. O filme se desenvolve através de uma entrevista fictícia. A direção é de Marcelo Santiago.

     Pois bem, Rondon foi um grande brasileiro. Tinha um defeito se visto com olhos modernos: gostava de caçar. Chegou a fazê-lo com o presidente americano Roosevelt, em expedição realizada entre 1913 e 1914, percorrendo o Rio da Dúvida, posteriormente batizado como "Rio Roosevelt", em Rondônia. Mas eram outros tempos. E no tempo em que ele viveu, embrenhar-se pelo mataréu virgem do Brasil não era aventura para fracos. Vale sempre destacar que Rondon, para cumprir sua missão, cunhou o lema que ficou famoso: “Morrer se preciso for, matar, nunca". Mas, enfim, o filme é interessante e empolga? Não sei. O tema vale uma conferida.




The blues man Mckkinney Williams.

Sensacional blues de raiz. Direto da Old Country Store, Lorman, Mississippi.



Som dos canyons. R. Carlos Nakai.

     Depois de 48 horas sem internet fixa, eis me de volta. O premiado flautista americano R. Carlos Nakai tem origem na tribo Navajo. O som dele, apoiado em pesquisas sobre os povos indígenas, é diferente, mas bonito.



     E seguindo mais um pouco com o assunto sobre índios americanos, lembro uma frase bacana: não se vende a terra onde os homens andam (one does not sell the earth upon which the people walk), de Crazy Horse, o Cavalo Doido, chefe da tribo Lakota que na batalha de Little Bighorn (25 de julho de 1876) destruiu a cavalaria do General Custer. A frase encontra-se no livro de Dee Brown, Enterrem meu Coração na Curva do Rio. 
    
      Antigos habitantes da terra e do espaço invadidos sem piedade, os numerosos povos indígenas da América foram praticamente dizimados durante a construção da civilização americana. Os que sobraram na história foram isolados e tratados com preconceito por séculos.  Além de sempre figurarem como os maus em filmes de Hollywood, obras que deram fama e dinheiro ao caricato, canastrão e xenófobo John Wayne.